Comecei minha quarta-feira aqui em Austin em um encontro latino-americano. Várias pessoas, vários países representados e devo dizer que a gente mora em um país bem atrasado em relação a indústria musical. Me senti quase envergonhado por saber o tamanho e o potencial musical do Brasil e ver tão pouco gente (pra não dizer, praticamente gente nenhuma) nesse conferência. Sei que grande parte do montante do dinheiro da indústria brasileira de música está em estilos musicais que não fariam tanto sentido aqui no SXSW, ainda assim, senti muita falta de ver mais selos, empresários, distribuidores e coisas do gênero.
Desabafos a parte, comecei minha jornada de shows da quarta-feira de forma quase “familiar”. Depois de um excelente jantar em boas companhias mais uma vez, fui ao Dirty Dog Bar em busca do show do Black Drawing Chalks.
Como cheguei um pouquinho antes do show dos caras, tive a oportunidade de conhecer os californianos do The Burning of Rome. Uma banda com uma aparência e até mesmo uma sonoridade bem sombria. Achei bem divertido o teclado que o vocalista toca e os timbres que ele tira daquele instrumento são mais interessantes ainda! Uma boa banda pra se colocar pra ouvir durante uma tarde de trabalho.
Na sequência, entraram os meus conterrâneos do Black Drawing Chalks. Foi um bom show, mas tendo na bagagem uma infinidade de shows deles, devo confessar que não foi a melhor performance deles que já vi. Nada que não tenha mil justificativas entre elas, o fato de que 10 minutos antes de chegar no Dirty Dog elees estavam tocando em outro lugar para ninguém menos que Nick Oliveri, dentre outras peças pouco importante na música atual… Ainda assim um bom show, sem dúvidas. Devo ainda dar um certo destaque pra presença de Sérgio Ugeda (Debate/Diagonal) nesse show. O baixista do BDC (Denis Castro) não pode vir para a turnê, mas foi muito bem representado pelo seu substituto que encarnou um personagem próprio sem se preocupar tanto com ser o “Denis” da banda e achei que ornou bem!
É bem estranho assistir um show do Black Drawing Chalks onde não tenham 20 menininhas na primeira fila se descabelando quando o Douglas começa a tocar a bateria da introdução de “My Favorite Way”, nem por isso o público não estava vidrado e gostando da banda.
Saindo de lá, fui junto com os caras da banda assistir ninguém menos que os senhores Jack Black e Kyle Gass. Dá pra resumir a sensação toda de assistir a um show do Tenacious D em um episódio particular. Fui ao banheiro e o cara que estava no mictório ao lado do meu virou e disse: “Cara… você ama Tenacious D tanto quarto eu?”. Dei risada e não soube muito bem o que responder, mas na sequência entrou um outro cara, os dois começaram a se abraçar enquanto riam e cantavam a música que estava sendo tocada do lado de fora, enquanto falavam sobre o quanto estavam segurando para não chorar de tanto alegria.
Não é só uma questão de que a banda foi o centro de um dos filmes mais épicos da história do rock. Os caras são f*da ao vivo! É muito difícil descrever o que esses dois caras conseguem fazer em cima de um palco apenas com vozes e violões. Um dupla que soa muito mais completa que muito orquestra por aí. Os dois tem vozes muito potentes, são excelentes showmen e conseguem cativar o público de uma forma muito singular.
Ainda no Brazos Hall, onde rolou o show do Tenacious D, encontrei o cara da revista austríaca que conheci na terça-feira. Ele rapidamente me convenceu a ir ao Avenue on Congress assistir ao show de uma banda britânica. Essa foi a primeira vez que eu vi um show aqui no SXSW atrasar, mesmo que por 30 minutos.
Por conta do atraso, acabamos vendo uma banda a mais: Six60 da Nova Zelândia. Um rock bem pop, sem grandes inovações, um vocalista bombadinho com pegada Tico Santa Cruz e um som não muito inovador. Não entendi muito bem porque tanta gente estava ali e depois foi embora antes do show do Heaven’s Basement.
Segundo meu novo amigo Bernie, esses caras ainda vão ser highlights de grandes festivais por aí. Não posso discordar de forma alguma que os caras não sejam realmente bons. Todos na banda tocam ridiculamente muito, a presença de palco é foda e saber muito bem como fazer um bom e tradicional rock’n roll. E pra mim aqui é o único defeito que sou obrigado a admitir na banda, muito tradição pra nem tanta inovação.
Queria escrever sobre o dia de ontem, mas o texto ficou muito longo e em cinco minutos começa o show do Vampire Weekend, acho melhor ficar por aqui mesmo.
Até amanhã!
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