
Franz Ferdinand se apresentou domingo (27) no Parque da Independência / Foto: Cultura Inglesa
A pergunta se o Franz tinha mais de 20.000 fãs dispostos no Brasil, foi respondia ontem, logo ao chegar ao Parque da Independência em SP, por volta das 15h30, a fila passava de 1km tranquilamente. A revista da polícia era morosa, no entanto pelos relatos do público, não era rigorosa, o efetivo policial fazendo o controle de entrada era baixo pra quantidade de gente disposta a entrar. A fila era inaceitável, permanecer nela parecia loucura, coisa de fã e galera mais jovem mesmo, o fato é que alí, constatei a certeza que sim, o Franz tem mais de 20.000 mil fãs dispostos no Brasil, e muita gente ficaria de fora…
O pessoal da assessoria me informou que naquele momento aproximadamente 8.500 pessoas já tinham entrado. A missão seria complexa nas próximas 02h30 garantir a lotação, até o início do show responsável por tanta gente.
Entrei no parque e o We Have Band já fazia o seu set. Banda UÓ, exerci o direito de pular, Garotas Suecas sempre soou insosso, aquele não gosto nem desgosto e não era a intenção pular, mas fui caminhando até o metrô batendo papo e acabei perdendo conta do horário.
A primeira que acompanhei do trio de dance-punk londrino foi “Visionary”, e revezaram no set, faixas do WHB e Ternion, o mais recente e bom disco da banda. No entanto, o resultado de estúdio se traduz com pouca fidelidade no palco, o som soa pequeno, como se faltassem elementos, é um fato que a natureza das composições ficam desfavorecidas na característica open-air, é feito para club, mas tudo saia embolado demais, os berros da vocalista próximo ao microfone selou fatalmente a certeza de como a banda não funciona bem ao vivo. Não tinha nem dance e tampouco punk. Faixas como “Honeytrap”, introduzida com Darren Bancroft afirmando que faria esta a pedido do púbico, além de “Time After Time“, foi o pouco que conseguiu agitar algumas pessoas dentro do parque da independência. Além disso tocaram antes também, músicas como “Divisive”, “After All”e “Where Are Your People?”, minha favorita do Ternion. O show acabou às 16:30, dentro do previsto. E o Guardian que chamou a banda de “Kraftwerk correndo pra pegar um ônibus”, me fez pensar naquele momento: “Só se for depois de assistirem ao show do We Have Band.”
We Have Band setlist:
- Steel in the Groove
- Visionary
- Divisive
- Love, What You Doing?
- After All
- Centrefolds and Empty Screens
- Waterlight
- Where Are You People
- Honeytrap
- You Came Out
- Oh!
- Tired Of Running
- Time After Time
Dentro do parque o clima era realmente bacana, o cenário é muito bonito, as pessoas sentavam na grama, não vi nenhuma confusão ou incidente, havia na medida do possível respeito, a organização distribuia água para o público, o final de tarde foi bem agradável, para os que estavam do lado de dentro.
Pontualmente às 17h o caricato Faris Badwan subiu ao palco e já mandou um “Bom dia” no final de tarde, e junto com o resto da banda fizeram o primeiro grande show do festival. O set foi o mesmo que eles fizeram na Brixton Academy, três dias antes com exceção de “You Said” e “Oceans Burning“.
Era reduzido o público que respondia ao show, o que me deixa com a tese de que deveria ser a banda principal, sobre isso falarei mais no final do texto.
Com 5 faixas do Skying, álbum que figurou na vigésima-primeira posição em nossa lista dos melhores do ano e as outras 4 do Primary Colours. A equalização do som estava impondo muito o baixo, o que diminuiu os sintetizadores que são uma viagem a parte, mas não chegou a comprometer, principalmente pela postura shoegaze do guitarrista Joshua Hayward e quando entrava rasgando tudo nos solos, ou em momentos com a banda, mas de prevalência da guitarra e todas aquelas distorções e fuzz, compensavam e nos introduzia dentro dessa atmosfera de movimento espacial que o Horrors cria, a versão extendida de “Moving Further Away” é sensacional, “Sea Within’ A Sea” foi um show a parte, no entanto como já disse as músicas do Skying ficaram um tanto quanto desfavorecidas, menos baixo e mais teclado. The Horrors é uma grande banda e mesmo com a recepção fria da plateia e esse detalhe técnico, que vai muito mais no sentido de gosto pessoal, a banda deixou o palco por volta das 17h54, com uma sensação de que deveria ter ficado mais, devem ganhar novos fãs no Brasil após este belo show.
The Horrors setlist:
- Mirror’s Image
- Who Can Say
- I Can See Through You
- Scarlet Fields
- Changing The Rain
- Endless Blue
- Sea Within A Sea
- Still Life
- Moving Further Away
Após o The Horrors, rolou um ~horrors~ do lado de fora do evento, infelizmente fiquei sabendo do ocorrido e da reação da polícia com spray de pimenta diante da desordem de alguns, apenas algumas horas depois do festival, já em Curitiba. O que foi possível de perceber do lado de dentro é que haviam pessoas pulando o muro, apenas na área reservada havia uns 5 seguranças em posição de catcher de baseball, só esperando a bola ser lançada do outro lado do muro. Depois do Franz entrar no palco, a coisa ficou mais tensa, pois as pessoas do lado de fora começaram a bater nas placas de metal da divisa, o país do Franz Ferdinand e a realidade do “terceiro mundo” brasileiro, separado por aquelas placas fronteiriças, o povo mal-tratado feito cadela de rua, mais uma vez, foi impossível ignorar o batuque raivoso nas placas de metal, por mais que o Franz fizesse um bom espetáculo, atrapalhou completamente a experiência com o festival, aqueles que não estavam localizados próximos a lateral devem ter notado pouco, ou não ter notado e aproveitaram melhor o show.
O Franz é a banda entre as escaladas, onde as composições melhor funcionam em uma grande arena, ou seja, jogando com o vento a favor, o público na mão, equalização nota 10, energia da banda e disposição em satisfazer os presentes.
O show começou com quase 20 minutos de atraso, de cara “Darts of Pleasure”, seguido de “Tell Her Tonight” desnecessário dizer que o show já começou catártico, já “Right Thoughts”, a terceira do set, foi recebida de forma contemplativa, mais em silêncio, como esperado de uma inédita, riffzinho estilo americana, bridge e refrão que remetem ao estilo da própria banda.
Right Thougts
“No You Girls” levantou a galera, e em seguido veio talvez a canção mais fraca do grupo de inéditas apresentado até o momento, é “Brief Enconteurs”, confira esta gravação de ontem, publicada pelo Trabalho Sujo:
Em “The Dark of Matinée”, eles estavam ainda mais performáticos, do que se comparado ao começo do show, Nick McCarthy e Kapranos possuem uma presença de palco inquestionável. O hit, foi seguido de outra nova e ótima faixa, “Fresh Strawberries”, posteriormente tocaram também “Tree and Animals”, essas duas novas são o tipo de harmonia pra cima, que trouxe o som do Franz ao gosto das multidões. Pode esperar como próximos hits.
Trees and Animals
O setlist desceu até o seu fim cheio de energia, com os principais sucessos, entre eles: “Take me Out”, “Ulysses”, “This Fire” e “Can’t Stop This Feeling” com direito a um trecho de “I Feel Love”, homenagem a Donna Summer, falecida recentemente. O público respondeu ao show exemplarmente, com a cortesia completa: palmas, mãozinhas pro alto, coro, gritos de amor, gritos de entusiasmo, todo o calor e êxtase que marcam as plateias brasileiras quando os seus artistas favoritos estão envolvidos.
Franz Ferdinand setlist:
- Darts of Pleasure
- Tell Her Tonight
- Right Thoughts
- Do You Want To
- No You Girls
- Brief Encounters
- Walk Away
- The Dark of the Matinée
- Fresh Strawberries
- Can’t Stop Feeling + trecho de “I Feel Love” da Donna Summer
- Take Me Out
- Ulysses
- Trees & Animals
- 40′
- Outsiders
- Michael
- Jacqueline
- This Fire
Tudo o que aconteceu do lado de dentro dos portões do festival, no aspecto geral foi bacana e merecedor de muitos elogios, no entanto, os acontecimentos do lado de fora são relevantes e não devem ser esquecidos, a equação final apresenta uma mancha no evento. Certamente, para a edição do ano que vem, será necessário realizar algumas modificações, talvez diminuir o peso do line-up e colocar atrações mais desconhecidas do grande público, o que seria bem legal, pois manteria a atmosfera gratuita, com mais liberdade e ao mesmo tempo com um toque de vanguarda, vivendo a cultura inglesa em tempo real, bandas no nível BBC Introducing Stage + alguma banda de palco secundário, ou uma preliminar de palco principal, algo até o nível The Horrors, ou bandas grandes lá fora, mas sem o mesmo apelo aqui no Brasil, seria uma alternativa maravilhosa. Outra opção é fazer antecipadamente a distribuição dos ingressos. Enfim, as alternativas existem, acontecendo o investimento para o próximo ano nesta perna musical do festival, é esperado que a organização trabalhe e se corrija, a partir das lessons learned. Por bem, não houve uma consequência mais grave, bola pra frente e até o ano que vem!
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