2015 foi um ótimo ano para a música nacional, o melhor desde 2011 quando começamos a compilar listas. Tradicionalmente nossa lista de discos nacionais compreende 25 álbuns, mas neste ano resolvemos aumentar para 40, no sentido de reforçar um ano forte. Pela primeira vez, foi mais complicado fazer escolhas na lista de nacionais do que na lista de internacionais, fechamos 40 e, ainda assim, muitos discos bons ficaram de fora. A amplitude de gêneros e temas marcam o ano, assim como a pluralidade brasileira. Nossa música deixou um estado passivo e mais letárgico de alguns anos atrás. Existe um conglomerado de artistas e eles estão ativos, conversando entre si. O cenário é o mais positivo possível. O intercâmbio de rap com rock, eletrônico com pop. E a MPB se descolando da sua velha cartilha. A roda está se movendo novamente. Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça os ventos da mudança, cuidadosamente refletido nesta lista.
40. Dônica – Continuidade dos Parques
39. Dingo Bells – Maravilhas da Vida Moderna
38. Frida – Frida
37. Filipe Catto – Tomada
36. Beni – Negros
35. Ian Ramil – Derivacivilização
34. Fukai – Abaeté
33. Jaloo – #1
32. Ventre – Ventre
31. Passo Torto & Ná Ozzetti – Thiago França
30. Vivendo do Ócio – Selva Mundo
Com Selva Mundo o grupo explora novos rumos de sua musicalidade. Concebido totalmente independente, o conceito é de compartilhamento. Em todas as etapas, desde o processo de criação ao lançamento, o disco foi um trabalho de muitos, o que o torna único e expansivo. A produção é de Curumin e Fernando Sanches, com participações de Tiago Mago, Fabio Trummer, e Pepeu Gomes (depois de outro Novos Baianos, Dadi Carvalho ter participado do álbum de 2012), Selva Mundo significa mais um grande passo na carreira dos soteropolitanos. Um passo de amadurecimento e de significância pra esse indie rock que mostra alternativas ao flertar sem preconceito com outras frentes. Neste sentido, VdO continua importante na sua missão. não só de renovar e evoluir o próprio som, mas de ser liderança e apontar possibilidades no gênero favorito de toda uma molecada. A molecada do indie rock, cá estamos.
29. Gisele Almeida – Conversa de Varanda
Sensível e intimista, Gisele Almeida traz em seu segundo álbum diversos estilos musicais como o samba, soul, blues, fado, tango e influências rítmicas encontradas na música nordestina, na música oriental e eletrônica. Conversa de Varanda é um álbum cheio de poesia, traz em suas as faixas a diversidade da cena de compositores paranaenses e teve a pós-produção assinada por Marcelo Cabral. É encantador.
28. Negro Leo – Niños Heroes
Negro Leo vem se revelando um grande nome da nova geração de compositores brasileiros. Desde o disco de 2014, Ilhas de Calor, passando pelo álbum de Ava Rocha que assina, e agora por Niños Heroes, um álbum feito para incomodar com suas explorações por múltiplos gêneros do freejazz ao tropicalismo, da nowave e do noise ao samba e ritmos africanos. O maranhense não tem limites em sua paleta musical. A transgressão das regras na sonoridade transborda também nas letras, que são vivas e atuais. Existe coesão até mesmo no caos, tornando a obra sincera, delirante e provocativa.
27. Arnaldo Antunes – Já é
Arnaldo, poeticamente, é um mestre. Mesmo quando uma música não sai boa, como a Põe fé que já é, que cafonamente abre este disco. Mas Arnaldo sempre tem cartas na manga, sempre se reinventa, às vezes, autosabota-se. Porém, vem com uma Marisa Monte, mesmo que a repetindo sempre, é sempre uma carta certa. Este disco está nesta lista, exclusivamente, por causa de uma música, não desmerecendo as outras, claro. Mas ‘As estrelas sabem’ é das coisas mais lindas que Arnaldo já fez. Particularmente, esta é a música mais impecável das nacionais neste ano.
26. Maglore – III
Discão maduro de pop rock nacional. A letra é fácil, os riffs são fortes, as dinâmicas não são óbvias, mas nem por isso são chatas. O disco é direto, aparado, redondo. Deveria ser preferência nacional, ainda não é. De qualquer forma, estamos chegando lá. E a Bahia põe dois álbuns de rock na lista de melhores do ano. Nem tudo é o que parece ser.
25. Bike – 1943
O BIKE senta no meio com sua pureza dentro da psicodelia nacional. Assim como a gota pura, como o pó que Albert “acidentalmente” aspirou em um laboratório da Sandoz, no ido e tenebroso ano de 1943. Mesmo em meio à escuridão daquele tempo de guerra, em um laboratório fechado, um novo caleidoscópio de luzes vivas e brilhantes surgiam para a humanidade. Assim surge este disco, sem pretensão de ser revolucionário, mas com clareza e sucesso em seu objetivo de facilitador para encontrar aquilo que não vemos, e que mora em nosso inconsciente. A sensação de progressão cósmica caminha em harmonia junto com o dedilhado e acordes arrastados, o timbre empregado, as nuances de efeitos, a caminhada rítmica sem turbulências e a voz indireta, ecoada como se surgida do inconsciente, como um convite para abrir as portas da percepção.
24. Peixefante – Lorde Pacal EP
Mais um talento nasce da cena psicodélica criada no Goiás. Peixefante é que o The Flaming Lips deveria estar fazendo, se o Wayne Coyne já não tivesse se passado demais. É um nome que muito provavelmente marcará 2016, caso lance o álbum cheio de estreia.
23. BNegão e os Seletores de Frequência – TransmutAção
Transmutação é uma explosão de black music. Letras pesadíssimas e os metais explodindo harmonicamente. Bernardo é um bom exemplo de como se manter produtivo e classudo. Ele tá falando do que precisa ser dito sem medo. Chama a atenção pela conscientização de corpo, mente, meio ambiente, tempo e espaço. Fodido.
22. Lenine – Carbono
Lenine é sentimento puro em Carbono, um álbum de eletropernambucanismo envolvente. Fala sobre vontades, romantismo e aborda questões sócio-ambientais. Tirando participações como Jorge Du Peixe, Nação Zumbi, Lucio Maia, Carlos Rennó e Dudu Falcão, Lenine traz em seu disco participação de duas orquestras em suas músicas, a do holandês Martin Fondse e a brasileiríssima Orkestra Rumpilezz, de Letieres Leite.
21. Dani Black – Dilúvio
É um disco completo. Pop, rock, de batidas fortes, timbres de 2015. Arranjo e produção luxuosa. Dani Black é mais um nome entre os novos compositores da música popular brasileira com uma lufada nova de ar, menos preso com os ecumenismos da MPB tradicional. O disco soa tão atual e tão redondo, que se deparar com ele no meio da lista, denota a força da música nacional em 2015. E pra fechar o álbum ainda existe uma joia com Milton Nascimento, a faixa “Maior”. A aliança de letras engenhosas – a mensagem pode ser entendida em diversos níveis, tais como essas animações da atualidade que possuem uma mensagem para o público adulto e outra para o infantil -, interpretadas de forma única, como um contador de histórias, com o empenho instrumental e de melodia, fazem deste disco uma necessidade da nova música popular.
You might also like
More from Listas
Os 50 Melhores Álbuns Brasileiros de 2018
por Flavio Testa, exceto em: Abujamra, Elza, Gal, Lenine, Pedro Luis, Caetano e filhos, Ceumar e cia por Raphael Pousa Dingo Bells …
Os 30 melhores discos brasileiros de 2018, até o momento
por Flavio Testa, exceto em: Abujamra, Elza, Lenine, Caetano e filhos, Ceumar e cia por Raphael Pousa Dingo Bells por Rodrigo Fonseca Mahmundi …
Pearl Jam: Discografia analisada do pior ao melhor
Os americanos do Pearl Jam retornam ao brasil como headliners do sábado no Lollapalooza Brasil 2018. Como preparativo para esse …