NACIONAIS
Ultraje a Rigor – Nós Vamos Invadir sua Praia
Um dos berços do rock nacional, o Rio de Janeiro foi invadido pelas bandas paulistas na década de 80, o que inspirou o título do disco de estreia do Ultraje a Rigor: Nós Vamos Invadir Sua Praia, que já era aguardado pois “Mim Quer Tocar”, “Eu Me Amo” e “Rebelde Sem Causa” já eram verdadeiros hits, lançados em LP antes do disco. Contando com verdadeiros clássicos atemporais, como “Ciúme”, “Inútil” e “Marylou”, que conta com a participação especial de Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, tocando guitarra solo. Nove das onze faixas do disco estiveram entre as mais tocadas da época, trazendo um sucesso inacreditável à banda, que quebrou recordes de público em seus shows. O Ultraje a Rigor soube contar a história da juventude da década de 80, engajada no movimento político das Diretas Já!. Com um humor afiado e crítico, o disco é uma das obras mais importantes da música brasileira.
https://www.youtube.com/watch?v=03eF7RQJn2M
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Vários Artistas – Rock Grande do Sul
Nesta lista é possível notar como este era um tempo de predominância do rock nacional, ao contrário de 1975, quando vimos MPB/tropicalismo e até rock progressivo, esse era o tempo de uma lista mais hermética em termos de gênero musical, ainda existiam as Gal, Tim, Caetano e Robertão fazendo bons discos, mas como medalhões consolidados da música nacional. A urgência no Brasil de 1985, além de democracia… era o rock das ruas, dos jovens, em suas várias vertentes. E quando falamos de rock brasileiro, simplesmente não dá pra ignorar o legado gaúcho. Rock Grande do Sul foi uma coletânea bancada pela RCA, ou Sony Music, reunindo novos artistas do estado, com potencial de finalmente se tornarem relevantes em território nacional. O disco é importante pelas músicas, mas mais do que isto, por finalmente colocar luz e projeção nacional ao estado que até hoje tem rendido bandas talentosas. A partir desta coletânea: Replicantes, TNT, DeFalla, Garotos da Rua e Engenheiros do Hawaii tiveram suas carreiras consolidadas. Discaço, o ás de espadas do rock gaúcho e porque não, brasileiro.
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Legião Urbana – Legião Urbana
O disco de estreia do Legião Urbana, de título homônimo marca o início da jornada de uma das mais importantes e representativas bandas do Brasil. A canção “Será” foi escolhida para divulgação do disco, que ganhou um videoclipe.A música faz parte da trindade do disco, juntamente com “Geração Coca-Cola” e “Ainda É Cedo” de músicas que até hoje são grandes sucessos. Geração Coca-Cola é uma crítica geral: Ao governo, à juventude e à globalização, que na década de 80 ainda se iniciava e que trouxe ao Brasil o american way of life. Apesar de ser o primeiro disco da banda, “Legião Urbana” é maduro e nos dá um gostinho do quanto a banda iria evoluir, tanto nas composições quanto nos arranjos musicais.
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RPM – Revoluções por Minuto
O ano de 1985 foi um verdadeiro frenesi de acontecimentos, que refletiram diretamente na produção musical brasileira. O RPM também lançou seu primeiro disco de estúdio no ano, que continha os hits “Louras Geladas” e “Revoluções por Minuto”, lançados em EP no ano anterior. O álbum foi o pontapé inicial para o sucesso que esperava a banda, que vendeu mais de 5 milhões de discos ao longo de sua carreira. Oito das onze faixas do disco foram hits emplacados nas rádios brasileiras, um verdadeiro desfile de sucessos tendo como carro chefe Olhar 43. Comandada por Paulo Ricardo, que combinava seu sex appeal com veia crítica e bagagem cultural, o RPM se consolidou como uma das bandas de rock mais influentes dos anos 80.
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Titãs – Televisão
Produzido por Lulu Santos, Televisão foi o segundo álbum de estúdio dos Titãs, uma das maiores bandas de rock brasileiro. Apesar da miscelânea de elementos que compõem a obra, apenas três faixas do álbum viraram hits, além de “Televisão”: “O Homem Cinza”, “Massacre” e “Dona Nenê”. A produção de Lulu não agradou a banda, que em um momento inicial da carreira ainda não sabia transmitir a emoção e dinâmica apresentada nos palcos para o processo de criação de um disco. Televisão ainda marca o fim da aura inocente dos Titãs e o amadurecimento da banda.
https://www.youtube.com/watch?v=cN2V2FyqTwc
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Ira! – Mudança de Comportamento
Representando as mudanças pelas quais o Ira! passava, Mudança de Comportamento foi o segundo álbum de estúdio da banda, gravado em apenas nove dias. Transitando entre o post-punk e o mod, o disco apresenta algumas faixas relevantes na carreira da banda, entre elas “Núcleo Base”, “Tolices”, “Ninguém Precisa de Guerra”, “Longe de Tudo” e “Ninguém Entende um Mod”. O álbum vendeu mais de 60 mil cópias e aumentou a popularidade da banda dentro do país, que se consolidou com a canção “Flores em Você”, lançada no ano seguinte.
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Kid Abelha – Educação Sentimental
1985 foi um ano importante pro Kid Abelha: A banda tocou na primeira edição do Rock In Rio e lançou o conceitual Educação Sentimental, seu segundo álbum de estúdio. O título do mesmo foi inspirado no livro L’Éducation Sentimentale, do francês Flaubert. Considerado uma das grandes obras-primas da música na década de 80, o álbum é recheado com alguns dos maiores sucessos do Kid Abelha: “Lagrimas e Chuva”, “Garotos”, “Educação Sentimental”, “Os Outros”, “Educação Sentimental II” e “A Fórmula do Amor”. Com um claro amadurecimento nas composições, que falam sobre a transição da adolescência para a vida adulta, amores e auto suficiência, a banda soube mesclar o new wave com sua própria identidade, tornando Educação Sentimental um verdadeiro legado.
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Cazuza – Exagerado
Em meio as gravações do quarto álbum de estúdio do Barão Vermelho, Cazuza anunciou sua saída da banda por ser “muito egoísta para dividir a atenção e os palcos”. Após uma internação para ser tratado de uma pneumonia, Exagerado começou a criar forma. A faixa que carrega o nome do disco, um dos maiores sucessos de Cazuza, foi descrita pelo mesmo como seu trabalho mais autobiográfico. “Balada de um Vagabundo”, “Mal Nenhum”, “Só As Mães São Felizes”, censurada por obscenidades nas rádios, e “Codinome Beija-Flor”, escrita quando o cantor estava internado, completam o auge da musicalidade de Cazuza. Misturando gêneros e criando algo tão único quanto o próprio Cazuza, Exagerado é uma obra-prima atemporal da música brasileira. Um daqueles álbuns que não importa o quanto você escreva sobre, jamais será capaz de transmitir as emoções que Cazuza sintetizou.
https://www.youtube.com/watch?v=JWtb8vfXbow
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Fellini – O Adeus de Fellini
O Adeus de Fellini foi o primeiro álbum do Fellini, banda pós-punk formada em São Paulo no começo dos anos 80. O título do disco é uma referência a The Return of the Durutti Column, disco de estréia da banda inglesa Durutti Column. Lançado pelo selo Baratos Afins (lendária gravadora do cenário independente brasileiro), o álbum traz além das influências da música inglesa, com o new wave e o post-punk, o samba rock. A miscelânea de gêneros essencialmente brasileiros com o rock n’ roll tornou o Fellini uma das maiores influências da música underground do país. Um dos motivos da falta de maior reconhecimento nacional da banda foi a falta de divulgação por parte da Baratos Afins. Segundo Thomas Pappon, em entrevista ao site Mofo “poderia ser bem ruim (o relacionamento da banda com Calanca, dono da Baratos Afins), tendo em vista as barbeiragens em alguns relançamentos em CD e a falta de transparência da Baratos. Nunca ganhamos um centavo da gravadora. (…) As letras do Adeus de Fellini não foram revisadas pelo pessoal da banda e, por isso, têm vários erros. Até os nomes dos integrantes estão errados (Cadão Volpatto, Thomas Pappou, Ricardo Salvagui). O font das letras é horrível.
Apesar disso, O Adeus de Fellini é uma verdadeira relíquia da música independente do país, que conta com canções consistentes e únicas. “Funziona Senza Vapore”, “Nada” e “Zäune” (cantada inteiramente em alemão por Thomas Pappon) são exemplos da importância emblemática do Fellini.
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Plebe Rude – O Concreto Já Rachou
O Concreto Já Rachou foi o primeiro disco da banda de punk rock Plebe Rude. Produzido por Herbert Vianna, do Paralamas do Sucesso, a obra contém apenas sete faixas – que foram de grande relevância para o sucesso da banda no Brasil. “Até Quando Esperar” e “Proteção” foram hits das rádios na época do lançamento do disco, que possui os arranjos musicais simples característicos do punk rock e letras recheadas de críticas. Os 21 minutos de duração do disco foram suficientes para que o mesmo integre o hall de importância da música brasileira. Simples, duro e nocivo, como todo bom punk rock deve ser.
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Garotos Podres – Mais Podres do que Nunca
1985 foi o berço do punk rock brasileiro, nesse ano os Garotos Podres lançaram seu primeiro disco, Mais Podres do que Nunca, o disco independente que mais vendeu no país: 50.000 cópias. Os Garotos Podres são a essência do punk em sua forma mais simples. Letras mal criadas, politicamente incorretas e totalmente sujas. As críticas já começam na arte do cd, que na capa tem uma criança saudável brincando com sua mamadeira, e na contra, uma criança africana desnutrida. “Johnny” e “Vou fazer cocô” viraram clássicos do punk nacional, assim como “Papai Noel, Velho Batuta” e “Anarquia Oi!”. Não há muito o que se falar dos Garotos Podres – o legado construído pela banda e suas letras poderosas falam por si sós – além do fato de terem sido os maiores representantes do movimento punk no país.
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