Ontem, logo que cheguei no Cine Joia, depois de andar pelas escuras e perigosas ruas do centro de São Paulo, fui recebida por uma mulher de saia com luzes LED que me ofereceu drinks com Jack Daniels. Achei ótimo, peguei minha bebida grátis de maracujá e fui curtir a banda de abertura: Hatchets, ótima banda que venceu uma votação publica para escolher quem abriria o show. Eles entraram no palco por volta das 22h. A casa ainda estava vazia, a não ser por alguns fãs hard-core de Banks, e alguns amigos da banda paulistana da ZL (como anunciado no palco pelo vocalista). Não conhecia o som dos meninos, não participei da votação, mas fiquei feliz que eles ganharam. A sonoridade vai em algum lugar perto de Holger, mas menos Brasileiro, e perto de Rapture, mas nem tanto? Não sei definir, só sei dizer que me diverti e dancei junto com os meninos. Só senti pena pelo maior publico ter chegado mesmo às 23h, horário em que o show principal iria começar.

Show do Hatchets teve direito até mesmo a interação com o público. Foto: Anna Lívia
Pouco depois das 23h aparece a primeira luz azul do Cine Joia, vejo Paul Banks, com seus 34 anos e penso comigo mesma “é exatamente a mesma pessoa de 2008, no Via Funchal”. Mas não era. Apesar do corpinho de 20 e poucos anos, todo o resto parecia diferente. Ele estava mais desenvolto, mais sorridente, mais falante, com uma calça ligeiramente mais gasta e uma camiseta pólo meio coxinha, meio hipster e com CORES! Aí está a prova de um Paul mais feliz, talvez? Ele estava usando cores, falou em português.Pra quem acompanhou todos os shows que ele já fez em São Paulo (Via Funchal, Planeta Terra, Clash Club – todos com o Interpol, e agora Cine Joia com sua carreira solo), foi uma grande mudança entre a pessoa de 2008 pra pessoa de hoje. O poder musical sempre esteve presente, mas naquele primeiro show, anos atrás, ele parecia desconfortável com o calor da plateia brasileira – o som ruim também não estava ajudando. Ontem, no Cine Jóia, pórem, apesar de várias falhas técnicas no começo do show, Banks parecia não se importar. Brincava, sorria (para delírio das mulheres).

Show Paul Banks. Foto – Anna Livia
Falando em delírio das mulheres, o Google também me informou que não, o moço não tá livre na pista. Aparentemente casado/amigado/em relacionamento sério desde 2008, com uma ex-modelo, o desejo de ter um Paul Banks em nossas cozinhas vai ficar no plano das fantasias…
Eu digo cozinhas não porque eu especialmente aprecie cozinhas, ou porque ele seja um grande cozinheiro (nem saberia dizer). Mas, há anos, sempre que eu penso no Paul Banks na minha vida, penso na imagem dele comendo sopa, na antiga comunidade do Orkut: “Na Cozinha com Paul Banks”. Essa, porém, não era a única comunidade que brincava com as múltiplas personalidades – até então, limitadas a imaginação dos fãs – do cantor. Veja abaixo algumas das que eu seguia. Acreditem quando eu digo: nos tempos de ouro do Orkut, todas elas tinham muitos membros e bombavam nos memes feitos com o rosto do Paul Banks.
Alguns anos depois, em 2009, Banks abraçou essa idéia de múltiplas personalidades e criou Julian Plenti, que, na verdade verdadeira, era o Paul Banks de sempre, só que em carreira solo e com outro nome. Eu realmente não sei o porque de adotar um alter-ego se ele vai ser exatamente igual a você, mas tava aceitando a idéia. Pós-modernidade se caracteriza pela multiplicidade – de nomes, escolhas, personalidades, comunidades e possibilidades. Pra alguém que cresceu na era dos múltiplos, da internet, com P. Diddy mudando de nome a cada semana (já foi Diddy P., Puff Daddy, Puffy…), não me pareceu estranho adotar um novo nome para um novo projeto. A grande questão me bateu, porém, com o quase-recente lançamento de “Banks”, novo álbum solo de Paul Banks, mas, pela primeira vez, sem o nome Julian Plenti.
O que aconteceu com o Plenti? Ele morreu no mar? Casou-se? Entrou pra banda do Paul Banks? Vai lançar cd novo no futuro? No show no Cine Joia, que durou por volta de 1h30 (apenas meia hora depois do fechamento do metrô AO LADO da casa de shows, fato que eu não consigo compreender, a não ser como falta de planejamento e compreendimento com tipo de deslocamento feito pelo publico), a maioria das músicas vieram dos CDs de Julian Plenti. Ao que tudo indica, porém, Paul Banks resolveu abandonar de vez seu alter-ego e assumir-se ele mesmo pra todo mundo ver, sem que isso signifique abandonar seu passado. Se as personalidades eram as mesmas, as musicalidades muito parecidas (seja de “ambas as carreiras solo” da Banks, seja do Interpol), qual a diferença então entre os nomes? Por que adotar um, depois abandona-lo? Se algum dia eu pudesse ter o Paul Banks na minha cozinha tomando sopa, isso seria o que eu perguntaria: por que tantos projetos paralelos? Qual a diferença entre eles? E por que sempre solo? Pra mim Paul Banks está virando Jack White, só que sozinho. Jack tem mil e uma bandas simultâneas que você nunca tem muita certeza se já morreram ou se sobrevivem pro futuro. Alem de ter sua carreira solo.
Tudo isso, na verdade, não importa. Nem mesmo estou dizendo que a existência de comunidades e multiplicidade de projetos paralelos por si só defina Banks como um cara multimidiatico/tipicamente pós-moderno. Só o que eu digo é que ele tem personalidade o suficiente para gerar um fandom que o imagina em mil situações (mini-fanfics comunitárias do Paul Banks em nossas vidas), tem personalidade o suficiente pra ele mesmo se dividir em vários e mantar a qualidade.
Criou-se um mito em torno de Paul Banks. Ser um mito é status para os maiores rockstars, e é isso que Banks tem aprendido a ser, como toda sua desenvoltura de palco, sua simpática e bom humor – e cores (nas roupas, na luz, que saiu do azulão de 2008, pra uma linda mistura de verdes, amarelos e azul – vai Brasil! – no Cine Jóia).

no melhor espírito multimídia: instagram do show
Veja o Set List Completo aqui http://www.setlist.fm/setlist/paul-banks/2013/cine-joia-sao-paulo-brazil-7bdb4e6c.html
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2 Comments
O prprio Paul j explicou porque lanou um trabalho como Julian Plenti e outro como Paul Banks! O alter-ego Julian Plenti era o nome usado por ele para compor antes de existir o Interpol, portanto o primeiro lbum uma ‘compilao’ de trabalhos antigos, que carregam a assinatura desse alter-ego. J o segundo lbum um lbum solo do Paul Banks, vocalista e guitarrista do Interpol. Se houver um terceiro, o artista ainda ser Paul Banks, porque o Plenti j ‘cumpriu seu dever’, j lanou o material a que ele pertencia. 😉
exatamente , como a Natlia escreveu. genteeee essa comunidade da cozinha hahahaah era hilria!!!!! “na banheira do gugu com Paul Banks” “Paul Banks na Hebe (RIP) : que graciiinha” hahahahahaha meu bucho! esse show no cine Jia foi muito gostoso! adorei!ser que rolar interpol l ? que no demorem para voltar 🙁