Texto: Flavio Testa / Fotos: Bruno Bujes
Neste fim de semana aconteceu a sétima edição do festival Lollapalooza, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Em 2017 o evento bateu recorde de público com 100 mil pessoas no primeiro dia e 90 mil pessoas no segundo. Pelos dois dias de festival passaram bandas dos mais diferentes gêneros, tendo como principais atrações: Metallica, The xx e Chainsmokers no primeiro dia; The Strokes e The Weeknd no segundo.
Com a lotação do espaço, alguns problemas estruturais ficaram evidentes, como a dificuldade de locomoção. Os gargalos aconteceram na saída de todos os palcos, no entroncamento principal da pista acima do palco Skol que leva ao Axe, Perry e Onix. Principalmente no primeiro dia, que somado às filas de bares e comida, criou-se um congestionamento que atrapalhou a experiência. Em 2014, também reportamos público de 190 mil pessoas e nesta época foi observado que é excessivo para a estrutura proposta pelo evento em sua planta. Então limite de público precisa ser estabelecido um pouco abaixo do que recebeu nestes dois anos, para que o festival proporcione conforto digno.
Outro destaque negativo foram os bares e pontos de venda de comidas, que não conseguiram dar conta do público. Precisaria de infraestrutura adicional para atender esta demanda satisfatoriamente. Porém, outros fatores contribuíram para isso, por exemplo:
– O Lolla Cashless ainda que traga facilidades inegáveis – como a possibilidade de reembolso e ser praticamente impossível de perder a pulseira, ao contrário da ficha – nitidamente precisa ser repensado. É muito mais rápido o processo de compra no caixa, já que não existe impressão de fichas (ou troca de bobinas). Porém os bares não conseguiram dar conta da demanda, aonde pessoas viram shows inteiros na fila. As filas de comida também não estavam muito melhores. Faltou melhor organização para trabalhar com o novo método.
– Outros pontos também foram citados como problemáticos com a bebida, fato do problema de abastecimento.
– Faltaram ambulantes vendendo cerveja como nos anos anteriores, apenas alguns poucos ambulantes das bebidas adocicadas da skol trabalhavam no palco Onix. Para comida também parecia ter menos ambulantes do que nos anos anteriores.
No domingo o problema foi solucionado em grande parte, com alguns novos pontos para vender cerveja lata. Alguns bares fixos também tiveram suas choppeiras substituídas por cerveja lata ao preço de R$ 10,00 (chopp custava R$ 12,00). Nos momentos de maior público, a partir do fim da tarde, os bares voltaram a ficar cheios, mas com uma fila possível. Algo entre 5 e 10 minutos. Possível, porém longe do praticado por um festival de ponta.
Com os bares cheios não foram só os cervejeiros que tiveram sua experiência afetada, mas também o acesso à água, item vital em um festival que começa embaixo de sol escaldante.
Aliás, a parte climática também foi a mais positiva possível, com sol e o vento característico da região, com frio leve a noite. A chuva só chegou exatamente no momento que o Strokes entrou no palco e durou pouco tempo.
Um destaque negativo do ano passado foi resolvido neste ano. Pelo menos todos os banheiros que esta reportagem teve acesso no domingo estavam limpos de um dia para o outro, coisa que não aconteceu em 2016.
A parte artística está cada vez mais sólida e o Lollapalooza se consolida como o festival brasileiro mais alinhado com o que é feito nos festivais de ponta. Ainda que recebamos uma edição bem mais magra e excessivamente comercial, se comparado com os grandes europeus e americanos. Mas, ainda assim, é um festival que escolhe muito bem seus artistas, procurando atender todos os gostos, tamanhos, épocas e nichos. E, nisto acerta ao colocar o público em contato com diferentes tipos de música. O público do Lolla parece entender isso e está cada vez mais aberto à experiência e menos aberto ao fanatismo por uma única banda, prática bem comum no Brasil de antigamente e em festivais mais empoeirados, como o Rock In Rio.
Adolescentes no show do Duran Duran. A lendária banda oitentista recebeu facilmente umas 30 mil pessoas. Se tentasse um show solo, com muito custo chegaria aos 3 mil. Camisas de Metallica e Rancid foram vistas no show do Cage the Elephant, e possivelmente a simbiose foi criada com muita gente, quebrando a barreira entre gerações e estilos complementares, porém diferentes. Cage fez um show capaz de convencer aquele roqueiro que diz “nada de bom é feito atualmente”. Era preciso estar lá pra sentir isso, não adianta querer entender um show sentado no sofá e resmungando diante da televisão. Novos elos musicais são estabelecidos até entre gêneros, no caso do público que escolhe ver o Chainsmokers por curiosidade, nem que seja na base do “tudo menos Metallica”. E enxerga o porquê é pelo menos divertido.
O Lollapalooza apesar de todas estas opções sabe interpretar o que o seu público quer. Entre os mais jovens, as barreiras estilísticas já foram quebradas há alguns anos. É uma geração que lida com o pop, EDM, indie rock e rap com a mesma intensidade. Isto é algo que esta publicação precisou entender, inclusive. Não é porque alguém na casa dos 20 e poucos gosta de Flume e Cage the Elephant, que ele não está aberto ao Duran Duran ou ao Rancid. É também possível bater a bunda com o funk e pegar grade no show do Arctic Monkeys. Esta é a cara da nova geração.
E o festival tem obrigação de promover estas opções para continuar relevante.
Vamos entrar na parte artística do festival de uma forma mais profunda nos próximos posts, quando trataremos como foram os shows, individualmente.
Por enquanto dá pra sentir o clima com a nossa galeria exclusiva de fotos, feitas por Bruno Bujes.
- Cage the Elephant @ Lollapalooza Brasil 2017. Foto: Bruno Bujes / 505 Indie
- The Strokes @ Lollapalooza. Foto: Bruno Bujes / 505 Indie
- The Strokes @ Lollapalooza. Foto: Bruno Bujes / 505 Indie
- The Strokes @ Lollapalooza Brasil
- The Strokes @ Lollapalooza Brasil
- The Strokes @ Lollapalooza Brasil
- The Strokes @ Lollapalooza Brasil
- Tegan and Sara – 25.03.17 @ Lollapalooza BR
- Two Door Cinema Club @ Lollapalooza Brasil
- Tove Lo – 25.03.17 @ Lollapalooza BR
- Tove Lo @ Lollapalooza Brasil. Foto: Bruno Bujes / 505 Indie
- Two Door Cinema Club @ Lollapalooza Brasil. Foto: Bruno Bujes / 505 Indie
- The Strokes @ Lollapalooza Brasil
- The Strokes @ Lollapalooza Brasil
- The Weeknd @ Lollapalooza Brasil
- The Weeknd @ Lollapalooza Brasil
- Two Door Cinema Club @ Lollapalooza Brasil
- Two Door Cinema Club @ Lollapalooza Brasil
- Jimmy Eat World @ Lollapalooza Brasil
- Jimmy Eat World @ Lollapalooza Brasil
- Jimmy Eat World @ Lollapalooza Brasil. Foto: Bruno Bujes / 505 Indie
- Cage the Elephant – 25.03.17 @ Lollapalooza BR
- Cage the Elephant – 25.03.17 @ Lollapalooza BR
- Cage the Elephant – 25.03.17 @ Lollapalooza BR
- Cage the Elephant – 25.03.17 @ Lollapalooza BR
- Cage the Elephant – 25.03.17 @ Lollapalooza BR
- Tegan and Sara – 25.03.17 @ Lollapalooza BR. Foto: Bruno Bujes / 505 Indie
- Cage the Elephant – 25.03.17 @ Lollapalooza BR
- Cage the Elephant – 25.03.17 @ Lollapalooza BR
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