Por Flavio Testa, com colaboração de Carol Munhoz.
Em sua terceira edição, a versão brasileira do Lollapalooza chega ao melhor line-up de sua breve história. Se bem me lembro, eleger os 10 melhores shows nas duas edições anteriores foi relativamente simples, desta vez deixamos grandes bandas de lado e escolhas, de fato, foram feitas. Não vou contar quais por aqui, para não estragar a surpresa de descer a barra de rolagem. Então vamos lá os 10 shows do Lolla que nós não iremos perder, e recomendamos fortemente que você também não o faça.
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10. Soundgarden

Soundgarden no festival Lollapalooza 2014 – Santiago, Chile. Foto por Gabriel Rossi/Getty Images/Lotus Producciones
“A banda de Heavy Metal, para pessoas que não gostam de Heavy Metal.” Dessa forma Chris Cornell já definiu o Soundgarden. Peso e punch, para iniciados ou aqueles que estarão pelos clássicos radiofônicos.
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9. Vampire Weekend

Vampire Weekend no festival Lollapalooza 2014 – Santiago, Chile. Foto por Gary Go/Lotus Producciones
Goste ou não do trabalho recente (e de uma forma geral) do Vampire Weekend, o fato é que a banda cresceu em termos de relevância depois do lançamento de Modern Vampires of the City, lançado ano passado, mesmo com uma sonoridade mais expandida, a banda continua mantendo a configuração de seus 4 músicos originais, o que às vezes pode passar a sensação de faltar “corpo”, ainda mais na modalidade open air. No entanto, o caminhão de hits e a competência dos seus músicos, principalmente Rostam Batmanglij e Ezra Koenig que se desdobram para fazer um show bastante honesto.
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8. Savages

Savages no festival Lollapalooza 2014 – Santiago, Chile. Foto por Savages/Getty Images/Lotus Produccione
Talvez seja a grande representante do indie da novíssima geração. O show é pesado, furioso e sombrio, assim como o disco. Elas se portam muito bem no palco. Joga contra, o fato do Savages ter apenas um disco e, pelo menos no show que pude assistir, as tediosas apresentações e interlúdios da banda, acompanhadas apenas de uma batida repetida e linha de baixo com a mesma nota soando, foram um tanto quanto cansativas. É banda pra tocar 30 minutos e sair, o que vem depois é encheção de linguiça. É sabido que as moças devem lançar duas músicas novas em breve, talvez esse fator esteja contornado atualmente e os quarenta minutos típicos de um underdog, em festival, sejam cumpridos com maior dignidade.
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7. Café Tacvba

Cafe Tacvba no festival Lollapalooza 2014 – Santiago, Chile. Foto por Gabriel Rossi/Getty Images/Lotus Producciones
Considerado um dos principais expoentes do rock alternativo latino. O veterano grupo mexicano coloca uma energia incrível em seus shows, com guitarras e programações no teclado que não devem em nada para qualquer um da sua conta anglo-saxônica. O quê de regionalidade está presente, mas o Café Tacvba é muito mais do que isso, justamente essa pluralidade, energia e fácil identificação é que coloca o som da banda como um dos mais interessantes dessa escalação. Bônus: Emmanuel del Real, o cara do teclado é gênio. Estão na estrada atualmente com a turnê do álbum El Objeto Antes Llamado Disco, lançado em 2012 e além de músicas deste disco, um passeio pela discografia, incluindo alguns sucessos do álbum Re que são certos no repertório, é garantia de diversão caliente para o festival, além de colorir a conta toda em termos de diversidade sonora.
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6. Silva
Este é um artista que pelo blog pudemos ver o nascer e desabrochar, aquele artista do primeiro EP, pouco convencional para os padrões nacionais e ligado na sonoridade atual, empregando uma personalidade muito flagrante em seu som e domínio de quem estava pronto pra alcançar o que alcançou. Como você pode sacar nesta entrevista que fizemos com ele em 2012, Silva teve uma educação musical desde pequeno e isso certamente reflete no artista de hoje, só precisava de asas para começar a voar, Claridão e Vista Pro Mar estão aí pra provar isso, de maneiras distintas (quase opostas quanto ao clima do som) e em termos de produção encontramos uma escalada mais grandiosa. A configuração de palco mudou também daquele Silva que conversamos em 2012 e que tinha apenas um músico de acompanhamento na bateria. O Silva de hoje entra em quarteto, o que deve colaborar em termos de energia e troca, promete ser um show sensacional de um dos caras mais talentosos da nova música brasileira.
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5. Johnny Marr
Pelo o que eu vi nas transmissões da internet, o show do Johnny Marr não tem nada muito acentuado para se destacar, mas é um show bem competente e fiel com as gravações, existem músicas bacanas no disco solo, The Messenger, lançado ano passado e sempre rolam algumas do The Smiths, do naipe de “Bigmouth Strikes Again”, “How Soon Is Now” e “There’s A Light That Never Goes Out”, é pra fechar a conta e garantir o sucesso. Não dá pra perder.
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4. Disclosure
Esse é um show que virá no formato compacto, um misto de dj set e algumas percursões e programações ao vivo, o mesmo formato que este blog viu ano passado, no Primavera Sound. Podemos afirmar que mesmo assim é garantia de pista frenética do começo ao fim e o melhor disso tudo é que vai bater de frente com o Muse, diminuindo assim o tamanho da plateia que vai poder chegar mais perto e dançar ao invés de se espremer. Esse show é uma exclusividade do Lolla brasileiro.
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3. Pixies

Pixies no festival Lollapalooza 2014 – Santiago, Chile. Foto por Gabriel Rossi/Getty Images/Lotus Producciones
O Pixies vem pela terceira vez ao Brasil, a memorável primeira vez no Curitiba Pop Festival em 2004, como show único no Brasil. Depois SWU em 2010. Em 2004 o grupo tinha acabado de anunciar a sua volta e muita gente não sabia exatamente o que esperar de um show do Pixies, por falta de idade, por pouco material disponível, etc. Hoje não precisa ser um iniciado na banda para saber que o ponto forte da banda não é a comunicação com o público e o pouco que existia nesse sentido vinha da Kim Deal. Até mesmo a Kim Deal se policiava, é só comparar com a Deal dos Breeders e o nível de comunicação dela com a plateia. A eterna desavença velada de Deal x Black, terminou num black deal, cada um pro seu lado. O Pixies seguiu lançando novidades, coisa que não acontecia pra valer desde a década de 90, arrumou uma baixista loira e espivetada, que não conseguia sossegar no palco, lógico que Frank Black não deve ter ficado muito feliz e a coisa toda durou o tamanho de uma turnê européia e algumas alfinetadas de ambos os lados, pra colorir as manchetes da imprensa musical. Agora o Pixies, que não é exatamente o Pixies, já que Kim Deal é um orgão vital da banda, vem ao Brasil com a nova-nova baixista/membro de turnê Paz Lenchantin, que é uma musicista de primeira linha, com uma personalidade um tanto tímida e definitivamente adorável para esta banda, não há dúvidas que ela vai colocar a parte da Kim com grande fidelidade. E pro futuro se esta parceria fluir, quem sabe colocar um violino de vez em quando e acrescentar algo de sua personalidade à banda. Sobre o show, estaremos lá pelo novo e pelo velho Pixies, acompanhado finalmente de uma turnê de verdade, com trabalho novo e sem vibe caça-níquel, foram 3 EPs que resultarão num disco, o primeiro depois do quarteto fantástico, composto por: Surfer Rosa, Doolittle, Bossanova e Trompe Le Monde. Vamos em frente, existe uma certa dose de ineditismo em tudo que cerca esse show, quem diria que teríamos o Pixies nesse momento alguns anos atrás?
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2. Nine Inch Nails
O senhor maximalista vem ao Brasil pela primeira vez desde 2005 e depois de alguns cancelamentos. Talvez o palco mais matador que você verá em todo festival, com um show de luzes deslumbrantemente projetados sobre telas, criando o contraste de sombras, mudanças de cores e efeitos especiais que são literalmente pano de fundo para o rock industrial excitante e a persona dramática/explosiva de Trent Reznor. As letras de 20 anos atrás (ou 10), profundamente carregadas de emoção sejam estas sombrias/devastadoras, debochadas, zangadas… continuam interpretadas com crueza e energia imparável. O novo disco Hesitation Marks, possui músicas interessantes (“Copy of A”, “Came Back Haunted”) e trouxe maior variedade ao repertório do NIN. Mas são nos clássicos que o bicho pega. A letra e quebradeira de compassos em “March of The Pigs” e sempre a indelével certeza de explosão no refrão. “Head Like a Hole”, “The Hand that Feeds” e “Wish”, vão mostrar mais uma vez no país, como é um concerto de rock de uma maneira pouco amigável e estupidamente caótica. A vibe sexual quebra espinha em “Closer”. Em “Hurt”, o verdadeiro dono da canção te dará a chance de recuperar o fôlego, fechar os olhos e dizer: “What have I become?, my sweetest friend, everyone I know, goes away in the end”. Os exageros de Reznor continuam reais e os brasileiros irão sentir isso na pele, quando ela se arrepiar.
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1. Arcade Fire

Arcade Fire no festival Lollapalooza 2014 – Santiago, Chile. Foto por Franco Moreno/Getty Images/Lotus Producciones
Pela segunda vez no Brasil a banda já chega carregada de expectativas. O primeiro show no país foi no Tim Festival em 2005. Eles contavam com “apenas” Funeral na bagagem e tinham a difícil missão de chamar a atenção em um lineup recheado de bandinhas da moda como Strokes e King of Leon. Missão mais que cumprida, já que o show foi um sucesso com direito até a cover de Ary Barroso com “Aquarela do Brasil”.
De 2005 pra cá muita água rolou. Vieram mais três álbuns, Neon Bible, The Suburbs e o mais recente Reflektor, e não é exagero dizer que hoje a banda é uma das maiores e mais importantes do mundo, no cenário indie.
O show do Arcade Fire é pra marmanjo chorar. A banda domina cada centímetro do palco fazendo um show enérgico e com muita emoção. Sempre se entregam e a troca com o público é visível aos olhos. Coros, palmas, todo mundo cantando junto, tudo o que você pode esperar de uma grande banda em um grande festival. A preocupação com o palco, em entregar um conceito e uma experiência única está no DNA da banda. Nesta turnê eles vêm cheio de ritmos caribenhos, danças, personagens, cabeças gigantes, roupas coloridas, inclusive convidando a plateia à se vestir de uma maneira especial, para que a atmosfera esteja completa. Eles virão para entregar não apenas um show, mas sim uma experiência artística.
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