Existem dois grandes concorrentes nesse ano ao Oscar: Hugo Cabret, de Martin Scorsese, e O Artista, de Michel Hazanavicius. Ambos são filmes que eu chamo de “cinema magia”, é o cinema que evoca o sonho, o não realismo, que evocam o primeiro sentimento de cinema, que é criar, transportar, superar. Mas, vamos por parte.
Primeiro, vamos começar com Hugo. Como já foi dito aqui antes, o filme conta a história de Hugo Cabret (Asa Butterfield), um órfão que mora pelos relógios de uma estação de trêm em Paris dos anos 30. Revelar a história seria estragar a surpresa, mas tudo começa com a reconstrução de um mágico robô, o que acaba pro transportar Hugo de volta ao cinema mudo e as invenções de George Méliès.
Scorsese, cinéfilo que é, grande incentivador da preservação de filmes, declara seu amor por esse primeiro cinema, e pelo poder de imaginação, de criação que esse cinema mudo nos traz e que, por muito tempo, ficou perdido durante a era sonora.
Não é o que se esperaria de um filme desse diretor. Se analisarmos sua filmografia mais recente, fora dos documentarios, suas produções sempre pendiam mais para temas obscuros. Hugo é leve e infantil no melhor dos sentidos.
O Artista, apesar de ligeiramente mais “adulto”, também resgata a magia da ilusão no cinema ao retratar o cinema mudo da maneira mais fiel: fazendo-o mudo, mas não silencioso, repleto de uma belíssima trilha sonora e eventuais sons diegéticos (!). Fazendo-o preto e branco e, especialmente, fazendo-o com grandes atores (Jean Dujardin e Bérénice Bejo são o corpo e alma do filme, além do pequeno cão, é claro). O filme, brilhantemente, abraça o embate entre o cinema mudo e a era sonora, e como os artistas lidaram com essa mudança, o que me traz muitas referências de “Dançando na Chuva” a “Crepúsculo dos Deuses”.
É bonito ver os dois maiores concorrentes ao Oscar tratarem de maneira tão gentil, tão delicada, um mesmo assunto, não de maneira histórica, mas com uma visão afetiva.
Meus chutes? Os premios serão bem divididos: O Artista leva Melhor Filme, Música, Dujardin leva ator. Hugo leva prêmios mais técnicos, como Figurino, Direção de Arte, Edição de Som e Mixagem. A grande dúvida fica em melhor direção: meu voto vai para Scorsese, que se reinventou para fazer esse filme, mas nunca se sabe.
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