A IFPI, organização sem fins lucrativos baseada na Suíça, é a voz indústria da música no mundo representando mais de 1300 gravadoras. Essa semana eles divulgaram os dados do ano de 2015 que revelam como o cenário do mercado mudou e que o streaming é agora protagonista no comércio musical.
Plataformas como Deezer e Spotify aumentaram significativamente sua base de usuários, só nos Estados Unidos o aumento foi de 93%! Embora o gap existente ainda represente uma ameaça ao aumento sustentável de renda de artistas e gravadoras.
Para se ter uma ideia, os serviços de streaming representam 43% de todas as vendas digitais de música no mundo. E as vendas digitais alcançaram um market share de 45% contra 39% dos formatos físicos.
É a primeira vez que as vendas digitais têm lucratividade maior que a física.
Isso em grande parte é alavancada pelos serviços de streaming, que tiveram um crescimento de renda de 45,2%. Ou seja, além de representar quase metade das vendas digitais que totalizaram US$ 6.7 bilhões – um aumento de 10% em relação ao último ano – o streaming é ainda o mais lucrativo dos modelos de negócio.
Um ponto que colaborou muito para a explosão do streaming foi a facilidade de acesso à smartphones ao redor do mundo. Com muitas opções, algumas a preços bem acessíveis, e banda larga móvel de melhor qualidade, ouvir música no seu celular se torna a opção mais prática para a maioria das pessoas. Outro ponto foi que o numero de pessoas que pagam uma assinatura premium dos serviços aumentou e chegou à marca de 68 milhões de usuários. Um acréscimo de mais de 50% se comparado aos 41 milhões de 2014! O gráfico abaixo mostra como os usuários premium são bem mais lucrativos que os usuários gratuitos que geram receita através de anúncios.
Mas se o streaming sobe, outros modelos descem. Downloads tiveram uma queda de rendimento em 10,5% enquanto os formatos físicos perderam 4,5%.
Apesar da perda dos formatos físicos, eles ainda representam a principal escolha dos consumidores em países como Japão, onde representam 75% do mercado, Alemanha com 60%, e França com 42%.
No geral, a indústria cresceu 3,2% e chegou a marca de US$ 10,5 bilhões, um dos melhores resultados em duas décadas.
Porém, isso desperta outra questão importante. Se o streaming é tão lucrativo, por que os artistas e selos reclamam do quanto recebem das plataformas? Seria o streaming o novo vilão que fica com a maior parte do bolo, enquanto dá migalhas as bandas? E qual é a fatia dos intermediários neste bolo, como gravadores e outros agentes? Já abordamos esse tema aqui, quando Thom Yorke removeu seus trabalhos solo dos serviços de streaming.
É estimado que um usuário do Spotify gere renda de cerca de 18 dólares, um valor considerável. Já o YouTube reporta um lucro estimado menor que 1 dólar por usuário.
Sobre essa questão, Frances Moore, Executivo da IFPI disse:
“Depois de duas décadas de um declínio quase ininterrupto, 2015 marcou um recorde para a música: um aumento mensurável globalmente; consumo aumentando em todos lugares; e a renda digital passando os formatos físicos pela primeira vez. Eles refletem um indústria que tem se adaptado a era digital e surgindo mais forte e esperta. Isso deveria ser uma ótima notícia para músicos, investidores e consumidores. Mas existe uma boa razão porquê não há celebração: é simplesmente porque a renda, vital em fomentar futuros investimentos, não está sendo dividida de forma justa entre as partes. A mensagem é clara e vem de toda a comunidade da música unida: esse gap na divisão de valor é o maior empecilho para o crescimento de renda de artistas, gravadoras e todos os envolvidos. É preciso uma mudança – e cabe aos órgãos que regulamentam o setor efetivarem essa mudança.”
Podemos aguardar então uma maior discussão sobre como os direitos são divididos pelos serviços de streaming, numa novela que tende a se estender muito ainda.
O relatório ainda traz algumas curiosidades como os artistas mais populares de 2015:
E os álbuns e singles mais vendidos de 2015:
O relatório completo pode ser baixado aqui.
You might also like
More from Notícias
Confira os horários e palcos do Lollapalooza Brasil 2020!
Saaaaiuuu os horários e os palcos das atrações do Lollapalooza Brasil 2020 que acontece entre os dias 03 a 05 de …
Lollapalooza Brasil 2020: Ingressos no penúltimo lote, o novo #LollaDouble e as atrações das Lolla Parties
A semana do carnaval está logo aí mas o 505 te lembra que faltam pouco mais de 40 dias para …
Os melhores discos brasileiros de 2019
Simples e direto. Neste ano, estes foram os melhores discos de 2019 para o 505 Indie. 1 Emicida - AmarElo 2 Jaloo …