por Andrey Soares, Bruno Bujes e Flavio Testa
Significativa na história do emo, o American Football divulgou que em outubro lançará um novo disco pela gravadora Polyvinyl.
Este será o segundo disco de estúdio da banda que não lançava nada há 17 anos, quando em 1999 lançou seu álbum homônimo.
O anúncio reacendeu a discussão, já recorrente, que questiona para onde foi o emo, e as boas bandas que vieram dessa “vertente” nos anos 90, derivadas do punk, hardcore com alta dose de melodia e letras emocionais. Muitas foram se dissolvendo, ou transformando-se em outras bandas e sonoridades. Em paralelo, aconteceu o sucesso comercial dos anos 2000, uma segunda geração de bandas e toda a transformação sonora e de imagem, tanto saturou, quanto virou uma lembrança frouxa do que foi nas mãos de Sunny Day Real Estate, Braid e The Promise Ring.
Uma das poucas da era dourada, que fez a transição e resistiu ao longo dos anos foi o Jimmy Eat World, também com álbum para este ano.
Além da volta do American Football, existem bandas atuais, também conhecidas como emo revival, que pertencem à terceira geração (ou quarta geração, se você considerar a turma de D.C. nos anos 80 como a primeira), que traz o emo de volta para estruturas mais profundas e ao underground. Nem todos os casos são de bandas estreantes (o INTO IT. OVER IT. já tinha feito bonito em 2013), mas que agora ganham mais atenção. Esse tipo de efeito acontece de tempos em tempos com gêneros que nunca deixaram de existir, mas que saíram do radar. (O Mineral, por exemplo, fez uma turnê de retorno entre 2013 e 2014, assim como o Braid lançou disco).
Um caso emblemático de revival dos últimos anos foi com a shoegaze, que trouxe tanto uma nova geração de bandas, quanto ressuscitou outras, ou seja, passou a figurar com mais intensidade dentro de notícias da mídia especializada, e consequentemente, girando o circo de bandas, atenção do público e slots em festivais.
Mas vamos ao que interessa, abaixo sugerimos 5 bandas que lançaram bons álbuns em 2016, e que colaboram com o reaparecimento desta chama, que nunca se apagou.
THE HOTELIER | Goodness
Um dos melhores discos, não só de emo revival. Trabalhando todo um conceito, Goodness é perfeito desde a escolha da capa, onde vemos pessoas velhas nuas em uma floresta. Exímios músicos, não há só um momento em que as viradas não te impressionem. Apesar de ser um emo e puxar um pouco o peso, Hotelier é atemporal. “Piano Player” prova isso, um hit que transpõe gêneros musicais, lembrando até o grunge Pearl Jam. Emo pra gente grande!
Faixas preferidas: “Piano Player”, “Two Deliverances”, “Settle the Scar”, “Soft Animal” e “You in this Light”.
KNOLA | To the Rythm
Os guitarristas das bandas de emo revival têm algo em comum: os magníficos riffs clean. Assim, como vemos em Built to Spill, por exemplo. Knola investe em um guitar-driven em todo o disco e sabe trabalhar o yin-yang passivo/agressivo. “Cottage Grove” é seu melhor momento.
Faixas preferidas: “Weight”, “Cottage Grove”, “Fabric”, “Winter Skin” e “Fireworks”.
INTO IT. OVER IT. | Standards
Lembrando muito Death Cab for Cutie, o vocalista de Into It. Over It. tem um timbre de voz que guia as harmonias quebradas e desconexas, como em “Closing Argument” em que a bateria foca nas viradas enquanto temos um piano dedilhando ao lado das belas guitarras que focam em riffs dignos de Ben Gibbard.
Faixas preferidas: “Open Casket”, “Closing Argument”, “Vis Major”, “Old Lace & Ivory”, “Required Reading” e “Who You Are ≠ Where You Are”.
MODERN BASEBALL | Holy Ghost
Uma das vozes mais bonitas que eu vi este ano é de Brendan Lukens, vocalista do Modern Baseball, que com certeza se inspirou no American Football para criar o nome e o estilo da banda. Desconexão e muito sentimento. Isto é esta banda. Principal em “Weeding Singer” que mesmo com distorção é uma música que faz você sentir lá no fundo do peito.
Faixas preferidas: “Wedding Singer”, “Mass”, “Breathing In Stereo”, “What If…” e “Just Another Face”.
PINEGROVE | Cardinal
Minimalismo também faz parte deste revival e o Pinegrove é o melhor nisto. No disco todo é trabalhada progressões que crescem e diminuem ao longo de Cardinal. Aqui, há referências de outro emo antigo, mais voltada ao The Academy Is. Como em “Then Again” que ouvimos uma voz quase soprano e uma construção pop que deixa mais acessível a música.
Faixas preferidas: “Old Friends”, “Then Again”, “Aphasia”, “Visiting” e “New Friends”.
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