FOTOS E TEXTO POR MARIANE CASTRO
Ao sair da estação República caminhei por algumas quadras até chegar na porta da Galeria Metrópole, um prédio antigo no centro da cidade, e meu pressentimento até ali não era dos melhores, muito pelo fato da região abrigar tipos nada amigáveis, no local, logo a apreensão se transformou em certa curiosidade, não era uma cena cotidiana. Tapete vermelho, hostess bem informadas e educadas, e um pequeno aglomerado de gente moderna e cool o suficiente para uma festa da Ray-Ban.
Lá dentro me surpreendi e vi que estava completamente equivocada ao pensar que aquela festa, no quesito local/localização não daria certo, julguei o livro pela capa.
Entre bares e algumas lojinhas existe o Grand Metrópole, um dos melhores espaços para shows de médio porte que já vi. Um antigo cinema da década de 60, que foi reformado e mantém um certo charme, mas tudo com tecnologia e uma infra-estrutura sensacional.
Às 23 horas, a casa já estava bem cheia de pessoas descoladas e alegres, talvez pela vibe da festa, talvez pelo open bar. Ou talvez, ainda pelo dj set da banda indie britânica Mystery Jets, que foi ótimo, seguindo uma pegada mais electro, um pouco diferente do estilo da banda, mas ideal para agitar a noite de convidados modernos na medida certa.
Meia-noite, pista lotada, muito carão e o instagram bombando com as hashtags #rayban e #envisiontour. Neste momento, a classe e o ar blasé de muitos convidados já não existia mais por causa do álcool liberado.
Sem atrasos, meia-noite e meia o quarteto americano Chromatics subiu ao palco. Foi um daqueles shows em que ao mesmo tempo que é hipnotizado pela performance visual/de palco da vocalista Ruth Radelet, desperta também a vontade de fechar os olhos e imaginar que a banda estava tocando só para você, provocado pela natureza sonora da banda. Bem intimista, sexy e ao mesmo tempo dançante o suficiente, o jeito era se deixar levar com as batidas densas mergulhadas em camadas de synthpop. “Lady”, “Kill for love”, “These streets will never look the same”, “I want your love” não ficaram de fora desse setlist deliciosamente executado.
Diferente dos shows internacionais que estamos acostumados com preços que valem quase um rim, dessa vez a Ray-Ban escolheu e distribuiu, através dos seus canais, esses ingressos gratuitamente. Nem todos estavam pela banda, mas de uma forma geral o público respondeu bem e no final das contas, convidados felizes e coerentes com o público-alvo da marca cumprem com o objetivo do evento.
Se o Ray-Ban Envision Tour com Chromatics estivesse no Lulu, a nota seria de 9.6.
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