It’s all about the noise and having fun together.
Noite especial na última terça-feira, regada a chopp Diabólica, IPA curitibana com o magic number, 6,66% de álcool. O local era o Jokers, um bar-balada que tem boa estrutura, de iluminação, espaço, palco, temperatura e principalmente som, fator fundamental para qualquer gênero, especialmente o gênero de barulheira calculada e o som aguentou bravamente, já que o prato principal era BEM BARULHENTO, a revivalista banda texana Ringo Deathstarr, com pegada de rock alternativo, late 80’s e early 90’s, pode se chamar assim? A shoegaze e o noise pop, com forte lembrança de My Bloody Valentine e The Jesus and Mary Chain e outras da onda, ainda sim imprime uma identidade bastante única. Mas não é sobre composições brilhantes onde o grupo se sobressai na minha avaliação e sim sobre energia, pegada e autenticidade. A fórmula é foda ao vivo por soar tão alto quanto deve soar, Elliot se matando em riffs cheios de efeitos de distorção, parece que o cara comprou o pedal da hipnose; os vocais doces da Alex, com linhas vigorosas de baixo saindo de mãos delicadas, enquanto Daniel surra a bateria, tudo em melodias pop, rápidas e grudentas. Feito para se ouvir ao vivo, e assim eles corresponderam.
A partir de agora torna-se impossÃvel ouvir a sequência “Do it Every Time”, “So High”, “Two Girls” e “Kaleidoscope” e sentir a mesma coisa. A lembrança e a experiência potencializada, o disco cresce ainda mais. Além de músicas do primeiro álbum Colour Trip e dos ep’s prévios, rolaram também algumas do próximo álbum, Meuve, programado para ser lançado em setembro, entre elas “Rip”. E assim a noite transcorreu, com hipnose, catarse, suor, bebida e muita energia. Minha postura em shows normalmente é ficar mais para o meio, ver a reação da galera. Não neste caso, estava na frente e parece que em uma fração de segundo tudo aquilo tinha acabado, eu estava embriagado por várias diabólicas e por Ringo Deathstarr. Certamente um dos melhores shows do ano.
E outra coisa, que eu não falei, mas esse trio está pegando fogo, estão no auge da energia de criação como um grupo, estão curtindo o que estão fazendo e estão na melhor forma possÃvel para isso.
The Kids are alright.
E Curitiba continua bem obrigado.
Subburbia foi a primeira atração da noite, confesso que ainda era um novato no som deles até então, mesmo já tendo lido em outros sites e visto dois ou três videoclipes. Mas depois de ver ao vivo, pretendo acompanhar bem de perto, a sensação é que muitas das qualidades observadas na Ringo Deathstarr se aplica perfeitamente ao Subburbia. Quando as pessoas certas se encontram, com caracterÃsticas distintas porém complementares,  de tal forma que orna como um todo, reflete de maneira bela no que a banda cria com forte tendência ao ineditismo e também naquilo que entrega e como entrega para o público, a energia dark carregada da guitarrista Marina, algo meio The Cure e The Horrors, um tanto blasé e alheia ao que está acontecendo ali. E o mais legal é você sacar que não é personagem, é a vibe da garota. A energia visceral do frontman Emil, enquanto na guitarrista você enxerga uma postura européia, no vocalista/baixista é totalmente americanizada, uma postura post-hardcore, tipo Fugazi, meio Zack de la Rocha. Os sintetizadores fazem toda diferença no som e traz o toque da new wave, com uma postura de new rave do Ernani. E as batidas pesadas e dançantes da Vir fecham a harmonia como grupo. Showzaço, pena que durou pouco tempo, os videoclipes que eu tinha visto nos blogues cresceram muito em cima daquele palco. Pode colocar Subburbia na mesma caixa de Single Parents e Cambriana como grandes revelações do indie rock nacional.
Bukowski aprovaria.
Talvez a única banda que Bukowski aprovaria entre as três que se apresentaram no Jokers, é a Espiral de Bukowski, o som segue uma linha mais chill, um Beirut sem tantos elementos combinados, mas com muitos elementos. Escaleta, acordeon, bateria e percussão eletrônica, guitarra, acho que tinha flauta também. Composições bonitas para desacelerar um pouco, todo o caos que veio antes e principalmente depois.
Por um momento cogitei viajar esse fim de semana para SP, para poder assistir isso mais uma vez, mas questões profissionais e certo comodismo trataram de diminuir logo esse fogo.
Paulistanos, não percam por nada, link do evento -> http://www.facebook.com/events/429455303771755/442570995793519/?notif_t=plan_mall_activity
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1 Comment
aaaaaaaaaaah não acredito que perdi ):