A chegada e a estrutura
Domingo de Páscoa e lá fui eu para o Lollapalooza 2013. Optei por deixar o carro no estacionamento e ir de metrô até o festival, o que realmente foi a melhor opção.
Cheguei por volta das 14 horas no Joquey. Estava aquela bagunça tÃpica de ambulantes e cambistas, mas a entrada do festival estava mais tranquila e organizada do que na edição anterior. Passamos pela revista sem problemas e já estávamos dentro. Como o primeiro show que queria ver era o Foals, aproveitei os minutos antes para dar uma caminhada e ver como estava a estrutura. Realmente teve melhorias com relação ao ano passado. As áreas de sombra, a maior distância entre os palcos e a distribuição dos caixas e banheiros foram os pontos positivos. Ainda havia filas nos caixas e nos banheiro? Claro que havia, principalmente durante a noite quando todas as 60 mil pessoas já estavam lá. Porém estava melhor que o ano passado e procurando um pouco, era possÃvel achar um caixa ou banheiro sem tanto movimento.
As filas que realmente me assustaram foram as da roda gigante, dos brindes da marca de cerveja que patrocinou o festival e dos demais patrocinadores. Todos tinham uma fila gigante e sinceramente, não ia perder meu tempo e nenhum show para pegar um adesivo ou similar. Não consigo entender alguém ir a um festival de rock e ficar uma hora na fila para trocar copos descartáveis.
Os palcos principais estavam mais altos e bem distantes um do outro, era uma caminhada ir de um lugar para o outro e havia interferência do som deles com o dos palcos menores (e vice-versa), como o Perry e o Alternativo. Ponto a ser melhorado no ano que vem.
Sobre o cheiro de cocô de cavalo e da lama e barro… o que o pessoal esperava? O evento é realizado no Jockey onde correm e criam-se… cavalos! E é tudo gramado! E choveu/garoou vários dias da semana. Como disse o Roger (do Ultraje) no twitter “Não se fazem mais jovens como antigamente”.
E o público…
Uma coisa notória no domingo, e que imagino não tenha acontecido na mesma proporção nos outros dias, foi o número pessoas com camiseta de uma determinada banda. No caso essa banda era o Pearl Jam. Estava claro, grande parte do público estava ali para ver a banda de Seattle e o que mais viesse naquela tarde seria lucro. E isso influenciou no comportamento do público em vários shows, não só no do Hives que teve o fato mais constrangedor do dia, mas nas outras bandas também. Muitas vezes as bandas tocaram para um público morno, que estava lá só passando tempo enquanto não chegava o prato principal.
Haja dinheiro…
Sério, eu fui comprar um cachorro-quente e a vendedora ambulante me cobrou 4 pillas! 16 Reais em um cachorro quente!? Mas calma aà que não é tudo. Claro que não comprei pelo valor do assalto e fui nas barraquinhas onde o mesmo cachorro-quente estava sendo vendido por 3 pillas! 12 Reais! Quer dizer que além do lanche ser caro os ambulantes estavam cobrando agio? Não dá para acreditar.
Esse foi só um exemplo, mas eu achei a comida/bebida com um preço bem salgado, bem mais que no ano passado. Já não basta inflacionar o ingresso por causa da meia-entrada e ainda inflacionam a comida?
Detalhe que no final do festival tinha ambulante vendo açaà a 1 pilla! (4 Reais)
Foals
Quando o Foals começou o festival ainda estava relativamente vazio, tanto que encontrei o André do Música Pavê antes do show, e foi fácil conseguir um bom lugar para assisti-los. Os caras mandaram um som pesado, com muitas guitarras e instrumental afiado, com bastante movimentação no palco e muita intensidade. O público respondeu bem no começo, mas com o tempo, acho que a falta de hits do quarteto britânico pesou e a coisa esfriou um pouco. Show mediano, eu fiquei com a impressão de que faltou alguma coisa.
Rolê e Kidspalooza
“Para os irmãos que não tiveram condição de colar no rolê” (Criolo – Lollapalooza, Palco Alternativo – 30/03/2013)
Acabou o Foals e eu corri para o Perry (que não é o ornitorrinco) Stage. Não curto eletrônica mas o que me motivou foi ver o Igor Cavallera tocando com sua esposa em um projeto eletrônico chamado Mix Hell. Sério, o cara que fundou junto com o Max a banda brasileira de rock/metal de maior sucesso no exterior estava tocando música eletrônica ao vivo, usando macacão vermelho e acompanhado da patroa e de um baixista, igualmente de macacão vermelho. Estava legal o som até, mas eu logo me cansei e resolvi dar um rolê.
Foi ai que vi as filas gigantes nos estandes dos patrocinadores, só que um som chamou minha atenção. Estava rolando um cover de Roadhouse Blues do The Doors e o som vinha do Kidspalooza! Baita sonzeira. Resolvi ficar lá por um tempo ouvindo a molecada tocar e foi muito legal. E tinha bastante crianças lá com os pais/tios/avós, um ambiente muito bom!
Perdeu, Kaiser Chiefs!
Grande embate do dia para mim. Kaiser Chiefs ou Vanguart? Optei pelo brasileiros e fiquei muito feliz com o que vi. A banda se apresentou super bem, com muita alegria por estar ali e disposta a retribuir a oportunidade com um grande show. A sinergia entre o Helio Flanders (Violão e Vocal) e o Reginaldo Lincoln (Baixo e Vocal) é impressionante, a presença da violinista Fernanda Kostchak traz um certo frescor a show (e agrada aos machos de plantão), e os sucessos da carreira e do último disco “Boa Parte de Mim Vai Embora” garantiram um ótimo setlist. O Helio agradeceu ao público por assisti-los e prestigiar a música brasileira e em um certo momento alguém na plateia gritou: “Chupa Kaiser Chiefs”! Showzão!
Depois eu fiquei sabendo que o show do Kaiser Chiefs foi muito legal… mas o Vanguart foi a escolha certa para a minha tarde de domingo.
Punk Garage Rock e o público que não atende pedidos
Show do Hives foi assim: 50 minutos, 11 músicas, muita, mas muita mesmo, energia por parte da banda, o Pelle se matando no palco para fazer o show, e um público meio desinteressado. Claro que nos sucessos todo mundo pulou, mas ter que ver o vocalista perguntar “por que vocês estão tão quietinhos” e pedindo para a galera participar do show e não ser atendido é triste. Outro ponto relevante foi o fato do Pelle pedir para a galera sentar – ocorreu mais para o final do show – e foi na hora em que boa parte do público estava se movimentando para ir ao banheiro, comer, e ver o começo do show do Planet Hemp, ou seja, boa parte da galera já estava desconectada do show. Eu sei que não justifica o descaso do público para com o artista no palco, estou apenas pontuando o cenário que gerou aquela situação. Do lado do The Hives, eles fizeram um grande show, pena que tiveram pouco tempo e o público estava mais interessado no Planet Hemp e no Pearl Jam.
N.E.: Teve o lance do público estar espremido e da lama também, mas as pessoas não conseguirem sentar por estar demasiadamente lotado, por falta de espaço, é porque algo está errado. Talvez falta de equilÃbrio de força entre os palcos, talvez nossa cultura de ir para um festival por causa de um show (e depois viria o único motivo de boa parte estar ali), mas o fato é que a esmagadora maioria do público não atendeu ou não conseguiu atender ao pedido de Pelle.
Quem é que joga a fumaça para o alto?
Planet Hemp! E começa com o vÃdeo-apologia do Away (aquele mesmo da internet), correria da galera para chegar ao show (lembre-se que os palcos principais ficavam distantes um do outro), e na primeira música todo mundo pulando! O show foi uma retrospectiva da carreira dos caras e mostrou o BNegão, Marcelo D2 e demais integrantes em ótima forma. Do meio para o final eu achei que a coisa esfriou um pouco, mas ainda assim foi bom! Eu sai antes do final por que queria pegar um bom lugar para ver o Pearl Jam e 1 hora e meia de músicas falando sobre a legalização e descriminalização da maconha é meio cansativo. Embora eu ache esse um tema importante a ser discutido.
Pearl Jam é sempre Pearl Jam.
Sabe aquela história do jogo que já começa ganho? Resultado combinado e tal? Quando Eddie Vedder e companhia subiram ao palco e mandaram “… Small Town” o jogo já estava ganho. Sem brincadeira, eu chuto fácil que metade de público estava lá só para ver o Pearl Jam. Eram camisetas, faixas, bandanas, camisas xadrez, tudo pela banda de Seattle. Para mim o jogo ficou ganho quando eles tocaram “Wishlist“, ali o mundo já podia acabar e eu tinha morrido feliz, mas ainda teve “RearviewMirror” e “Yellow LedBetter” para completar a noite. Foi meu terceiro show do Pearl Jam, e cada show foi uma experiência única. Sempre tem alguma música diferente, que eles não tocaram antes, no setlist. E isso mesmo sem terem lançado nada! A energia da banda no palco e o carisma do Eddie garantem uma performance inesquecÃvel a cada apresentação. Como Vedder comentou, eles não estavam fazendo shows, estavam trabalhando no próximo disco que deve ser lançado ainda esse ano, e só fizeram esse show pelo fato de ser na américa do sul, no Brasil (com paradas também em Chile e Argentina). Isso deve ter influênciado um pouco, pois algumas músicas estavam com o andamento mais rápido, e em alguns improvisos eu tive impressão deles estarem testando partes de músicas novas.
No mais o público cantou junto os sucessos, ficou mais quieto nos lados-B, o Eddie agradeceu muito, por eles e por todas as bandas que tocaram no festival, e encerraram com chave de ouro. Para ficar melhor só se o Josh Homme tivesse dado uma canja junto com os caras como o boato que circulou na semana passada. Infelizmente isso não se confirmou.
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5 Comments
Cara, quanto ao sentar no show do The Hives, nem foi descaso do público. Eu estava lá na grade e a galera do meu lado até queria atender ao pedido, mas não dava! Eu não conseguia nem abaixar meu braço, quanto mais sentar. Acho que o Pelle pediu isso já sabendo que seria impossível, tanto é que depois começou a rir e disse “ah, vocês não conseguem” ou algo assim. Pelo menos ao meu redor, o público estava extremamente empolgado, se espremendo pra ver mais de perto e berrando loucamente, o que até me surpreendeu (visto que quase ninguém conhecia/gostava da banda e estava lá só pelo Pearl Jam). Enfim, foi um show sensacional e, pra mim, o melhor do festival.
Concordo com o Thiago Costa. Eu estava longe do palco, mas queria muito ver o The Hives e fiquei muito feliz com o que vi. Mesmo o Pelle mandando e a gente não atendendo por motivos de força maior, acho que ele entendeu perfeitamente bem. Dava pra notar a felicidade dele estampada na cara dele e é claro que ele também deve ter se ligado que muita gente estava lá pra ver o Pearl Jam. E pra mim também foi o melhor show do festival, não só porque sou muito fã deles, mas pela empolgação deles diante de nós. o show foi curto e fiquei com a sensação de querer mais. Tomara que eles voltem logo, de preferencia pra um show só deles, assim a gente pode tentar interagir melhor com o Pelle.