A ideia por trás do Prophets of Rage foi comandada pelo guitarrista Tom Morello. De início, chamou seus companheiros do Rage Agaisnt The Machine e Audioslave: Brad Wilk (bateria) e Tim Commerford (baixo). B-Real (do Cypress Hill) e Chuck D (do Public Enemy), nomes importantes da cena hip-hop e colegas do trio, foram os próximos escolhidos. Pra completar a escalação: DJ Lord – que atua nas pickups do Public Enemy há mais de uma década. O ano era 2016, a campanha presidencial dos Estados Unidos estava pegando fogo entre democratas e republicanos. O resultado disso vocês já sabem, né?
A veia política da banda é total herança dos seus membros e ainda se mostra presente nos shows. Em janeiro, o Prophets of Rage organizou um evento em oposição ao presidente Donald Trump, em Los Angeles – tal data marcou também a volta do Audioslave, com o primeiro show da banda em 11 anos. O “supergrupo”, como alguns chamam, lançou seu EP The Party’s Over e tem a promessa de um álbum completo para setembro.
De passagem pela primeira vez na América Latina, a banda estreou em São Paulo nesta terça-feira (09) – inclusive para os remanescentes do RATM que só haviam conhecido a poeira de Itu/SP, no extinto Festival SWU, em 2010. Desta vez em local fechado, a apresentação prometia ser mais barulhenta e destruidora. E cumpriu-se.
Com abertura do próprio DJ Lord já no palco da Audio Club, tocando de soul, rock e indo pro hip-hop, era só tensão para o que estava por vir. A abertura, com a música homônima e Tom Morello apresentando sua guitarra com “Fora Temer” escrito, dava o recado de como seria. “Testify” veio logo em seguida para a explosão da pista, numa insanidade que pouco vi por lá até hoje. “Take The Power Back”, o sinal do punho cerrado sempre presente, o hit noventista “Guerrila Radio”, “Kill a Man”, “Bombtrack”, “People of The Sun”, “Fight The Power” – uma sequência de pancadaria pra não botar defeito, difícil de respirar.
E então, numa jogada mais certeira, uma parte só hip hop comandada por B-Real e Chuck D, bem próximos ao público, no chão. “Insane in the Brain”, “Bring the Noise”, “Jump Around” – um privilégio enorme ouvir esta seleção de clássicos da dupla. A volta, com “Sleep Now in The Fire” botou o show de novo numa pilha absurda, com um público respondendo a cada chamada. Não dava pra botar defeito até aí – talvez pelo fato de não ter aquela agressividade mais conhecida do Zack de La Rocha.
“Bullet in the Head” e “Know your Enemy” ganharam ares diferentes com Chuck & B-Real dividindo os vocais, com bem mais malandragem. E Morello? Esse dispensa comentários, seja com suas centenas de guitarras a disposição, solos, timbres e efeitos – tudo equilibrado na base de muita porrada tecnicamente perfeita. É daqueles guitarristas que você tem que olhar cada detalhe pra entender de onde vêm toda aquela loucura sonora. “Unfunk the World” (inédita) foi uma das surpresas do setlist, juntamente com uma versão curta de “Seven Nation Army”, cover do The White Stripes (e bem mais pesada que a original).
Quase sem parar, “Bulls on Parade” e a indispensável “Killing in the Name” fecharam com chave de ouro uma apresentação absurda em termos de energia num ambiente quase ensurdecedor. A banda ainda toca no Rio, nesta sexta-feira (12) e volta a São Paulo, numa apresentação no Maximus Festival, no sábado (13). Já conferiu um trecho que postamos?
Setlist
DJ Lord Intro
Prophets of Rage
Testify
Take the Power Back
Guerrilla Radio
How I Could Just Kill a Man
Bombtrack
People of the Sun
Fight the Power
Hand on the Pump / Can’t Truss It / Insane in the Brain / Bring the Noise / I Ain’t Goin’ Out Like That / Welcome to the Terrordome / Jump Around
Sleep Now in the Fire (+ snippet “Cochise” )
Bullet in the Head
The Party’s Over
Know Your Enemy
Unfuck The World
Seven Nation Army
Bulls on Parade
Killing in the Name
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