2008, 2011, 2013, 2014, 2015. Esses são os anos que o Muse esteve no Brasil, desde a pequena casa de shows paulistana do HSBC (atual Tom Brasil) pela primeira vez há mais de 7 anos. De lá pra cá, muita coisa mudou, e obviamente, o Muse mudou.
De todos estas passagens, apenas não estive no show do Lollapalooza do ano passado, aquele onde o Matt Bellamy foi obrigado a cancelar um show solo no Grand Metrópole devido a problemas em sua voz e que, por muito pouco, não foi obrigado a cancelar a participação no festival. Aquele show, o qual não foi televisionado por motivos óbvios e que contou com um set curtíssimo para um headliner, mesmo que tenha sido ‘pesado’ e contado com um cover surpreendente de Nirvana na ocasião.
O fato é que, parece que o Muse de suas apresentações ao vivo mais empolgantes e tecnicamente excelente ficou por ali, num limbo dentro destes últimos 3 anos. Considero a apresentação da edição 2013 do Rock in Rio muito boa, diria que uma exceção em meio a tudo isso, mas por onde anda banda ao qual surpreendia em meados da década passada a cada álbum e execução de suas músicas?
A apresentação do Muse no último sábado (24/10) no Allianz Parque reflete bem a atual fase que a banda está passando. O mediano álbum Drones, lançado este ano, tem uma temática obscura, novamente com um certo teor político em suas letras e na obra como um todo. No entanto, a atmosfera do disco não acontece em praticamente nenhum momento do atual show, mesmo com 4 das 6 primeiras músicas pertencerem ao álbum.
É a primeira vez que a banda encarava um público de estádio (ou de arena) por aqui. Não conta festival e nem as três datas de abertura pro U2. E a impressão que dá em muitos momentos é que não colou. Com tantas canções boas na carreira e até óbvias para a grandiosidade do concerto, a escolha do set e até a ordem das músicas influencia para que o show decole em pouquíssimos momentos, como a trinca perfeitamente bem encaixada (e com surpresas, sim!) de “Resistance”, “Muscle Museum” e “Citizen Erased”. Estas últimas sendo aclamadas pelos fãs há um bom tempo. Atendidas. Era uma promessa do Bellamy feita no ano passado dizendo que voltariam para tocá-las.
Se “Madness” traz a nova onda dubstep que a banda vem seguindo (e funciona bem ao vivo), não dá pra dizer o mesmo de “Unsustainable”, nem mesmo da nova “Reapers”. A falta de canções como “New Born”, “Hysteria” ou mesmo “Dead Star” para dar aquele clima realmente obscuro que o show prometia é bem sentida, e isso fica bem claro quando “Mercy” é tocada lá no encore, em vez de qualquer uma destas acima.
O que não dá pra deixar passar em branco é a empolgação do público, que fez novamente bonito, mesmo só o setor premium ter esgotado ingressos há poucas semanas, totalizando por volta de 27 mil pessoas (de 30) no total, segundo divulgado pela própria organização. O set curto, de pouco mais de 80 minutos e um certo distanciamento de banda com o que tá acontecendo ao redor é de causar estranheza, mesmo a declaração que ouvi há pouco tempo que não tocam mais tempo pela turnê ser “desgastante” – alguém aí sabe por onde anda o senhor de 70 anos que tocou com vontade, bem feliz e por mais de 2 horas e meia ali no mesmo lugar em Novembro de 2014? Muse segure o passo, para não escorregar na pretensão.
Abaixo, o set list da apresentação em São Paulo:
1. Psycho
2. Reapers
3. Plug In Baby
4. The Handler
5. The 2nd Law: Unsustainable
6. Dead Inside
7. Resistance
8. Muscle Museum
9. Citizen Erased
* Munich Jam *
10. Madness
11. Supermassive Black Hole
12. Time Is Running Out
13. Starlight
14. Uprising
Encore
15. Mercy
16. Knights of Cydonia
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