No primeiro grande dia de frio, em Curitiba, rolou o evento mais inesperado de todos os tempos: Unknown Mortal Orchestra. A primeira incursão da Popload pela Terra das Capivaras, trazendo de cara uma das bandas mais importantes do rock alternativo atual, e melhor, no Jokers, espaço super intimista.
Mas, logo de cara, o público já percebia que espaço intimista tem lá suas desvantagens também. Na entrada havia uma fila considerável, pois a casa tem apenas dois guichês para pegar ingressos/fazer cadastro/colocar pulseira. Todo o trâmite durou gelados 40 minutos. Quando isso acontece, a conclusão óbvia é de que seria um show lotado. Não era. O gargalo não foi mitigado mesmo. Lá dentro havia, talvez, 200 pessoas? Ou seja, além de tudo seria um show para poucos, tirando o perrengue inicial, é o tipo de atmosfera ideal na perspectiva de quem assiste.
Foi possível posicionar-se sem aperto na frente do palco, quando Ruban e sua gangue soaram os primeiros acordes. Sem palhetas, a banda começa com uma intro jazz fusion de um minuto, como quem diz “olha, a gente vai destruir hoje”. Depois disso foi hit atrás de hit, logo no começo o jogo estava ganho e o sorriso apareceu na cara da vasta maioria entre os presentes, sorriso de que valeu a pena sair de casa naquele frio glacial (a miníma nesta noite foi de 2ºC).
Ruban Nielson é o verdadeiro weirdo, sem estrelismo nenhum, só esquisitice mesmo, ele disparava músicas dos três discos ao meio de urros de felicidade do público e em cada intervalo dava um sorriso chapado de satisfação. O músico toca tão bem que, às vezes, nem parece show “indie” (hehe). Ele só largou a guitarra em “Stage or Screen”, mal começou a música e ele já estava na galera, atravessou o público, subiu no balcão do bar, emocionou e voltou correndo pra sua amada de seis cordas. Na sequência, “Ffunny Ffrends“, o hit do primeiro disco que tirou Ruban do estado de artista de quarto na Nova Zelândia, para de fato viver de música nos EUA. E então “Multi-Love“, faixa do último disco e o maior hit do UMO até o presente, junto com “Can’t Keep Checking My Phone”. Como as maiores ficam para o fim, nesta hora, foi possível ter consciência que mais de uma hora de show já tinha ficado para trás, e entrávamos na sequência final. Sim, é neste nível de hipnose o show dos caras.
No fim, a casa veio abaixo, teve bis, muita tietagem e pro público, a sensação de ter visto uma das maiores bandas da
atualidade. Na saída, o frio era ainda maior, mas o calor da “orquestra” já tinha mandado um grande foda-se para a temperatura.
II ficou em vigésimo-primeiro lugar na lista dos melhores discos de 2013.
Multi-Love ficou em quarto lugar na lista dos melhores discos de 2015.
A grande pergunta que se faz quando acompanhamos uma banda apenas pelos álbuns, é se todos os climas e sentimentos são de fato reais e se o músico é tão bom quanto soa no disco. No caso do Unknown Mortal Orchestra, a resposta é sim para todas as alternativas anteriores.
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