Prestes a desembarcar mais uma vez no Brasil, agora com a turnê do bom disco Hardwired… to self-destruct, o Metallica se apresenta no Lollapalooza Brasil, dia 25 de março, como uma das principais atrações do festival.
Pensando nisto, fizemos um guia que repassa a história e discografia de uma das bandas de heavy metal mais influentes no mundo. Boa leitura.
História
O Metallica surgiu no início dos anos 80, quando um garoto dinamarquês, residindo em Los Angeles, resolveu montar uma banda e colocou anúncio num jornal local a procura de guitarrista. O anúncio foi respondido por James Alan Hetfield, então guitarrista da banda Leather Charm. O garoto era Lars Ulrich e pode-se dizer que ali começava a história de uma das maiores bandas do mundo.
Eles estavam pensando em nome para o novo projeto e Lars tinha um amigo chamado Ron Quintana que estava produzindo fanzine e tinha vários nomes que não iriam ser utilizados, então Lars pegou um destes para nomear a banda, Metallica, outra opção seria MetalMania. Lars escolheu Metallica. Ainda bem.
Pouco tempo depois, Brian Slangel dono da Metal Blade Records estava recrutando algumas bandas para lançar uma coletânea que se chamaria Metal Massacre e o recém nomeado Metallica resolveu enviar material que foi aceito, a música era Hit The Lights que pertencia a antiga banda de James, o qual inclusive gravou as linhas de baixo para a versão que entrou na coletânea.
Um segundo anúncio no jornal, The Recycler, foi vinculado, agora a procura de guitarrista solo, anúncio este que foi atendido por Dave Mustaine. Na sequência Ron McGovney, o baixista do Metallica resolveu deixar a banda por não se entender com o novo guitarrista.
Começou então a busca por novo baixista. E encontraram. Após assistirem a um show da banda Trauma, impressionados com a performance do baixista Cliff Burton, principalmente pelo fato dele usar pedal Wah Wah, incomum para baixistas, o Metallica fez convite e após uma longa conversa, Cliff disse tocaria se a banda residisse em São Francisco. Os californianos toparam o convite e Cliff passou a fazer parte do quarteto.
Pouco antes do início da gravação do primeiro álbum, problemas com álcool e drogas fizeram com que o guitarrista Dave Mustaine fosse expulso da banda. Ele viria a formar o Megadeth na sequência. Para substituí-lo, James e Lars chamaram o guitarrista do Exodus, Kirk Hammett que prontamente atendeu ao pedido e se juntou à banda.
Kirk foi muito bem aceito por público e crítica, mesmo com declarações feitas por Mustaine de que ele apenas copiou os solos que foram gravados meses antes na lendária demo tape do Metallica chamada No Life ´til Leather.
A verdade é que o Metallica tornou-se uma das maiores bandas de Heavy Metal do planeta, com altos e baixos durante a carreira. Eles lançaram 10 álbuns de estúdio até o momento. Vamos, agora, tentar elenca-los do pior ao melhor.
10º St. Anger (2003)
Este álbum marca de maneira negativa a entrada do baixista Robert Trujillo, ex-Ozzy Osbourne e ex-Suicidal Tendencies, entretanto as linhas de baixo do álbum foram gravadas por Bob Rock. Uma vez que o Jason Newsted saiu da banda às vésperas do Metallica entrar em estúdio e sem substituto, o próprio produtor assumiu as quatro cordas.
St. Anger possui uma sonoridade muito crua, com destaque para a caixa de bateria do Lars que lembra alguém batendo uma colher de pau numa panela, e chega a soar inacabado ou apenas mal mixado. Junta-se a isto, a ausência total de solos de guitarra. Mesmo com belos videoclipes como Frantic e St. Anger não aliviou a deficiência musical. O disco inteiro passou longe do potencial da banda. Esta é a receita do pior álbum do Metallica.
9º Death Magnetic (2008)
Com uma significativa melhora em relação ao seu álbum antecessor, o Metallica estava voltando aos eixos. O primeiro álbum oficialmente com Robert Trujillo no baixo e a banda com uma pegada mais trash agradaram público e crítica.
Com destaques para The Day That Never Comes, That Was Just Your Life, Cyanide e Broken, Beat & Scarred.
8º Load (1996)
Talvez este seja o álbum mais controverso do grupo, pois as mudanças foram drásticas, mesmo que as músicas fossem pesadas, elas eram muito melódicas, e, significativamente mais arrastadas.
Assim, acabaram por desagradar uma grande parte dos fãs. Acrescente também o fato dos integrantes da banda aparecerem com cabelos curtos, longe das madeixas típicas dos metaleiros. Foi o suficiente para muitos fãs dizerem que o Metallica estava acabado.
Muitos fãs do metal não gostam de mudanças, alguns pensam que a sua banda favorita deveria apenas se auto plagiar em seu álbum de maior sucesso até o fim de suas carreiras, e sim, têm muitas bandas que fazem isto mesmo, mas não é o caso do Metallica.
Neste álbum, o Metallica resolveu mostrar que eles mudaram, houve nítido crescimento e amadurecimento, mostrando que tinham algo novo pra mostrar, e que sim, continuavam a fazer um bom heavy metal.
Destaques para Until It Sleeps, King Nothing, Hero Of The Day e Ronnie. Esta última conta a história de um garoto que entrou armado na escola e matou vários colegas.
7º Reload (1997)
Este álbum deveria ter sido lançado juntamente com o Load em um álbum duplo, mas com a pressão da gravadora para o lançamento, eles resolveram lançar as músicas que já estavam prontas primeiro e ter mais tempo para trabalhar nas restantes. Por isso da diferença de pouco mais de um ano entre um álbum e outro.
Destaques para Fuel, Memory Remais, Better Than You.
6º Hardwired… to self-destruct
O mais recente álbum do Metallica veio pra mostrar que eles ainda tem muita lenha pra queimar. Recheado de grandes riffs de guitarra com muito peso e velocidade, nos faz lembrar da época áurea da banda nos anos 80.
Desde 1983, quando juntou-se a banda, este foi o primeiro álbum sem qualquer contribuição de Kirk Hammet nas músicas. Segundo Kirk, o fato aconteceu pois ele perdeu seu celular pouco antes do início das composições, ele havia gravado várias horas de riffs e licks no aparelho e não tinha um backup.
A banda gravou um clipe para cada música do álbum e liberaram em streaming uma a uma, com intervalo de duas horas elas, no dia 18/11/2016.
Destaques: Hardwired, Atlas Rise, Moth Into Flame e Murder One, esta última é uma homenagem ao Lemmy Kilmister, ex-líder do Motorhead que faleceu em dezembro de 2015.
5º Metallica (1991)
Este álbum também conhecido como “The Black Album” foi com certeza o que apresentou o Metallica em definitivo ao grande público. Ainda que alguns fãs mais ferrenhos tenham torcido o nariz, alegando que eles estavam soando um tanto quanto pop, uma legião de novos fãs foram conquistados. Mesmo com o Heavy Metal em baixa e com outros estilos como o grunge tomando cada vez mais o espaço, o Metallica atingiu o primeiro lugar das paradas de sucesso em mais de 10 países com este álbum.
Eles realizaram a maior tour de suas carreiras até então com mais de 400 shows, tocando nos maiores festivais ao redor do mundo, incluindo a épica apresentação no Monsters em Moscou para mais de um milhão de pessoas.
A primeira metade do disco é impecável, começando com Enter Sandman e indo até Don´t Tread On Me, dai pra frente o disco passa a não ser assim tão interessante… com destaque apenas para a belíssima Nothing Else Matters que conta com a primeira participação do grande maestro Michael Kamen que compôs toda a parte orquestrada da música e viria a trabalhar novamente com a banda no show realizado com a Orquestra Sinfônica de São Francisco para a gravação do álbum S&M.
4º Kill ´Em All (1983)
O primeiro álbum foi marcado por alguns episódios um tanto quanto conturbados para a banda.
O primeiro episódio foi a expulsão do guitarrista Dave Mustaine que tinha sérios problemas com álcool e era uma pessoa, segundo os demais membros da banda, muito difícil de lidar – o que sabemos que não mudou muito de lá pra cá, com uma única exceção pelo fato de ele ter deixado a bebida.
O outro episódio foi com relação ao nome do disco. Os músicos queriam chamar de Metal Up Your Ass e a capa seria uma adaga saindo de uma privada, o que foi rejeitado por membros da gravadora por acharem muito agressivo e de pouco cunho comercial.
A banda então mudou o nome para Kill ´Em All, talvez uma homenagem àqueles que solicitaram a mudança do nome.
A primeira tiragem foi de apenas 15 mil cópias porém esses números aumentaram para 60 mil após a turnê europeia chamada Seven Dates Of Hell, o que deu ao Metallica sua primeira notoriedade internacional.
Destaques para Motorbreath, Jump In The Fire, Whiplash e Seek and Destroy.
3º Ride The Lightning
O nome deste álbum foi retirado de uma passagem do livro The Stand (A Dança da Morte no Brasil) do escritor Stephen King.
É o segundo álbum da banda e já mostra uma considerável evolução harmônica e melódica, bem como as letras das músicas já tomaram uma forma mais madura e profunda. Muito deve-se ao baixista Cliff Burton que passou a dar aulas de teoria musical para os demais membros. Nota-se que foram muito bem-vindas.
Este disco ainda conta com a última colaboração do ex-guitarrista da banda Dave Mustaine, na faixa-título do álbum e em Call Of Ktulu e também com as primeiras colaborações do então novo guitarrista Kirk Hammett.
Destaques para Ride The Lightning, For Whom The Bell Tolls, Fade To Black e Creeping Death.
2º …And Justice For All (1988)
O quarto disco de estúdio do Metallica marca a estreia do baixista Jason Newsted, que apesar do nome do álbum, acabou sendo injustiçado uma vez que não se ouve uma linha de baixo no disco todo, o que levou, anos depois, alguns fãs isolarem as linhas de baixo do álbum e darem o devido volume às mesmas. O resultado é facilmente encontrado na internet e vale a pena conferir.
Este álbum ainda conta com a última colaboração do finado baixista Cliff Burton na faixa To Live Is To Die, onde Hetfield declama um poema escrito por Burton.
Considerado por alguns como o álbum progressivo do Metallica, pela complexidade e duração das músicas. O tema das letras são severas críticas à política e ao sistema legal americano bem como censura à liberdade de expressão e guerras.
O Metallica gravou seu primeiro clipe neste álbum, após alguns fãs escreverem para a banda dizendo que a música One se parecia muito com a história do filme Johnny Got His Gun, filme inspirado na obra homônima de Dalton Trumbo. Eles utilizaram cenas do filme para gravarem o clipe.
Destaques para Blackened, …and Justice For All, One e Havester Of Sorrow.
1º Master Of Puppets (1986)
Sem dúvida o auge do Metallica, não comercialmente mas musicalmente. A química do quarteto estava à flor da pele, poucas vezes se viu na história do heavy metal um álbum tão bom do começo ao fim. Cada membro parecia estar em seu momento de eureka. James compôs riffs incríveis como em Battery e Master Of Puppets, Cliff com grandes linhas de baixo como em The Thing That Should Not Be e Orion, Kirk muito inspirado em Damage Inc e Battery e Lars se destacando em Master Of Puppets.
Este álbum também marca a passagem mais trágica da banda, quando estavam em turnê de divulgação do álbum na Suécia. Um acidente com o ônibus da banda que derrapou no gelo da pista e tombou, onde o baixista Cliff Burton foi atirado para fora do veículo. O ônibus caiu sobre ele. O curioso é que ele estava na cama do guitarrista Kirk Hammett, que havia perdido uma aposta no jogo de cartas poucas horas antes com Burton.
O prêmio?
Quem ficaria com a melhor cama do ônibus.
Fica o pensamento de como o Metallica teria seguido sem a trágica morte de Cliff, pensamento este que nunca será respondido, só temos a agradecer a grande contribuição dele para o Metallica e para o Heavy Metal.
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1 Comment
Joga o and justice pra cima dos 3 primeiros e daí fica um pouco mais justo.