“Blues é uma forma musical vocal e/ou instrumental que se fundamenta no uso de notas tocadas ou cantadas numa frequência baixa, com fins expressivos, utilizando sempre uma estrutura repetitiva. Nos Estados Unidos surgiu a partir dos cantos de fé religiosa, chamadas spirituals e de outras formas similares, como os cânticos, gritos e canções de trabalho, cantados pelas comunidades dos escravos libertos. Suas letras, muitas vezes, incluíam sutis sugestões ou protestos contra a escravidão ou formas de escapar dela.”[1]
“Folk Music, segundo a etimologia do termo adotada no século XIX, era a música feita pela sabedoria popular (“folk lore”). A denominaçāo indicava especialmente a música feita pela sociedade pré-industrial, fora dos circuitos da alta cultura urbana.”[2]
Tá, e eu com isso? Aí que se você gosta daquela banda da moda que canta com sentimento, aquela banda com aquele vocalista de grande amplitude vocal, com canções que nem sempre seguem uma estrutura da música popular em geral intro/verso/refrão, você está rendido ao blues e ao folk, meu amigo.
Artistas como Bob Dylan, Joan Baez, Woody e Arlo Guthrie, Nick Drake, John Lee Hooker, Willie Dixon, Chuck Berry, B.B. King entre tantos outros, influenciaram milhares de bandas que estão hoje em atividade e mostraram que pra ser talentoso você não precisa de estudo, boa criação e boas influências. Pra fazer blues ou folk você precisa daquele gut feeling, sabe? Aquela coisa que não se ensina na escola.
Mesmo ambos sendo gêneros fundamentalmente do campo, que nasceram de manifestações não urbanas, podemos dizer que logo ganharam elementos de metrópole, seja motivado por momentos de dificuldade econômica, e processos migratórios do campo para a cidade, como no caso do eletrificado Chicago Blues de Muddy Waters, ou, até mesmo, pela popularização do gênero que atravessou oceanos e ganhou novos adereços, como no Folk rock britânico do Fairport Convention, onde ao mesmo tempo que emprestou, também serviu de resposta inglesa ao Folk americano. E assim, continuamente, a música se desenvolve até chegarmos no arcabouço sonoro das bandas que representam os gêneros na atualidade. É engraçado pensarmos que estilos musicais que nasceram essencialmente como formas de protesto à vida miserável, evoluíram e ganharam novos sentidos e sonoridades, sem nunca perder seu imo.
Em meio à tantas músicas vazias e pré-fabricadas, o público vai cada vez mais sentindo a necessidade de aproximação com músicas de verdade, aquele nó na garganta na hora de cantar, a emoção a flor da pele, e é por isso que o rock embebido em suas raízes ressurge com uma legião de novos seguidores e projetos musicais.
O Lolla, notadamente atento aos estilos que dominam o gosto dos jovens, caprichou no line up e trouxe desde grandes bandas como Mumford and Sons e Alabama Shakes, até nomes pouco conhecidos do público como os brasileiros do The Baggios.
A seguir preparamos uma seleção com as bandas mais roots do festival e pode ter certeza que entre esses nomes têm alguns shows imperdíveis. Confere aí:
Mumford & Sons
- Origem: Londres
- Gênero: Folk Rock
- Ano de Formação: 2007
- Membros: Marcus Mumford, Winston Marshall, Ben Lovett e Ted Dwane
Com três álbuns na bagagem e muito hype, o Mumford & Sons é um dos grandes nomes do festival esse ano. Pela primeira vez no Brasil, os caras chegam com a missão de apresentar o mais recente trabalho Wilder Mind, que mudou drasticamente o estilo da banda, dissociando-se significativamente do Folk. A expectativa é de um show bem dosado entre a nova turnê e as músicas que trouxeram fama aos ingleses, com muito marmanjo chorando ao som de sucessos como The Cave, Little Lion Man e Babel.
Alabama Shakes
- Origem: Athens, Alabama, Estados Unidos
- Gênero: Blues Rock
- Ano de Formação: 2009
- Membros: Brittany Howard, Zac Cockrell, Heath Fogg, Steve Johnson, Ben Tanner
Pessoalmente o show mais aguardado do Lolla. O Alabama Shakes é aquele tipo de banda que em estúdio é boa, mas ao vivo… Ah meu amigo, ao vivo é outra história. Brittany Howard é um furacão no palco e exemplifica tudo o que foi escrito lá em cima sobre gut feeling. Quem viu a apresentação do Grammy esse ano – do qual a banda saiu com nada menos do que quatro prêmios – já sabe o que esperar. Imperdível define.
Of Monsters and Men
- Origem: Garður/Keflavík/Garðabær, Islândia
- Gênero: Indie Folk
- Ano de Formação: 2010
- Membros: Nanna Bryndís Hilmarsdóttir, Ragnar Þórhallsson, Brynjar Leifsson, Kristján Páll Kristjánsson, Arnar Rósenkranz Hilmarsson
Pela segunda vez no Brasil os fofinhos do Of Monsters and Men chegam direto da Islândia pro calor do Autódromo de Interlagos. A banda tocou no Lolla Brasil em 2013 e foi um grande sucesso entre os presentes, impulsionados, principalmente pelo sucesso arrebatador de Little Talks. Espere muita fofura e muitos adolescentes.
Vintage Trouble
- Origem: Los Angeles, California, Estados Unidos
- Gênero: Rhythm & Blues
- Ano de Formação: 2010
- Membros: Ty Taylor, Nalle Colt, Rick Barrio Dill, Richard Danielson
Pouco conhecidos do público brasileiro, os californianos do Vintage Trouble também tocam pela primeira vez por aqui. A banda já abriu para grandes nomes como AC/DC e The Who e estão começando a fazer barulho lá fora. Se você curte um som retrô, com aquela pegada dos anos 50 e 60, esse show é pra você.
The Baggios
- Origem: São Cristóvão – SE
- Gênero: Blues Rock
- Ano de Formação: 2004
- Membros: Júlio Andrade e Gabriel Carvalho
Mais uma banda ainda fora do mainstream, mas com mais de dez anos de carreira nas costas, o duo de blues The Baggios vem lá do Sergipe pra mostrar um pouco da crueza do seu som que mistura influência do blues e do rock. A banda vem colecionando críticas positivas, tendo a faixa “Sem Condição” sido eleita uma das melhores de 2013 pela Rolling Stone. Um excelente nome para botar algum tempero nordestino no caldeirão do rock de raiz do Lollapalooza.
You might also like
More from Lollapalooza Brasil // Cobertura 505 Indie
Lollapalooza Brasil 2018: festival encontra a conta do equilíbrio com shows memoráveis de LCD Soundsystem e David Byrne
Introdução, Spoon, LCD Soundsystem, Mac DeMarco, Tash Sultana, Liniker e The National por Flavio Testa Oh Wonder, Chance the Rapper, .Anderson …
DAVID BYRNE: o gigante do Lollapalooza Brasil 2018
https://youtu.be/07G4xhSefuI Ele provavelmente estará descalço. Tão confortável como se estivesse em casa. Banda? Provavelmente esperando seu momento de entrar depois que David …
Guia Alternativo do Lollapalooza Brasil 2018
Esqueçam os Headliners (ou não), preparem as cabeças balançantes e venha experimentar diferentes sonoridades com o nosso Guia Alternativo do …