A primeira vez que ouvi Lana Del Rey foi através de uma dessas indicações da NME com os melhores lançamentos da semana, ou coisa assim. Como todo mundo, fui apresentada através do clipe de “Video Games” e me apaixonei na hora. O problema é que, quando o vídeo foi lançado no Youtube, pouco ou quase nada se sabia a respeito daquela cantora linda com voz e boca de diva dos anos 60.
Afinal, quem era a tal da Lana Del Rey?
Aos poucos algumas informações foram saindo. Declarações de que ela mesma se achava uma “gangsta Nancy Sinatra”, umas músicas soltas aqui, umas fotos vintages ali… Até que se descobriu que aquela cantora não era tão inédita assim. Na verdade, a tal cantora da qual ninguém nunca tinha ouvido falar, atendia até então pelo nome de Lizzy Grant e tinha até álbum gravado pelo selo indie 5 Records, álbum este que, após o lançamento de “Video Games”, desapareceu misteriosamente do catálogo da gravadora (sendo relançado após o lançamento de Born To Die).
Aliás, postado em janeiro de 2011, o videoclipe de “Video Games” foi um pequeno fenômeno com milhões de visualizações em poucos dias. Pra se ter uma ideia, antes do lançamento do álbum, a música já tinha ganhado o Q award for “Next Big Thing”, em outubro de 2011.
Enquanto isso o fenômeno crescia e exageros como “a nova salvação do pop” eram precocemente proferidos por aí.
Com o sucesso repentino, os mesmos blogs que exaltavam Lana começaram a questionar a autenticidade do seu trabalho, do seu visual e até mesmo da sua boca (afinal, era ou não silicone?). Além disso, as poucas vezes em que ela aparecia ao vivo deixava muito a desejar, sempre causando a impressão de que aquela imagem era fake.
Em janeiro de 2012 ela lançou oficialmente o álbum “Born To Die” e a euforia virou definitivamente ódio. A Rolling Stone declarou que Lana “é uma estrela para blogueiros de música […] Mas para o resto de nós, ela é apenas uma cantora aspirante e outra das muitas que não estavam preparadas para lançar um álbum ainda”. Já o Pitchfork, aproveitando a onda de chamar Lana de fake, comparou o álbum a um”orgasmo fingido”.
Dois anos depois de seu lançamento e com um olhar um pouco mais distante, fica claro que Born To Die não passa nem perto de ser a salvação do pop, mas também não foi esse desastre todo. É claro que possui algumas bobagens (“Carmen”, “Million Dollar Man”), mas também tem ótimas canções pops e um pequeno clássico moderno chamado “Video Games”.
Lana Del Rey vem pela primeira vez ao Brasil e é um dos shows mais aguardados do Planeta Terra. A cantora chega com a difícil tarefa de se apresentar a um público que já a conhece de cor e salteado, e com o desafio de não se tornar obsoleta para os novos ouvintes, afinal, a nova salvação do pop da última semana, a neozelandesa Lorde, vem aí.
AS 10 MELHORES MÚSICAS
10 – “Blue Jeans”
Com uma pegada um pouco mais hip-hop, “Blue Jeans” apareceu pela primeira vez no EP de “Video Games”. É uma boa mistura de um som mais contemporâneo com a aura vintage que Lana busca em suas músicas.
09 – “Blue Velvet”
Originalmente gravada por Tony Bennet, “Blue Velvet” foi regravada por Lana para uma comercial da marca H&M. A versão é lindíssima e foi incluída na reedição de Born to Die (The Paradise Edition) e seu terceiro EP, Paradise.
08 – “Off To The Races”
Talvez seja a faixa que mais destoe do tom de Born To Die. Exatamente por isso é a música que mais tira Lana Del Rey de sua zona de conforto, mostrando que ela também manda bem quando não está sofrendo em um clipe saído diretamente dos anos 60.
07 – “Born to Die”
O segundo single e a música que dá nome ao álbum homônimo, “Born To Die” relata um trágico relacionamento e o videoclipe retrata o tom de tragédia amorosa da música.
06 – “Young and Beautiful”
Essa foi gravada para a trilha sonora do filme “O Grande Gatsby” e combina perfeitamente com a nova visão dada por Baz Luhrmann ao clássico. Lana parece perguntar diretamente a seu público: “Will you still love me when I’m no longer young and beautiful?”
05 – “Diet Mountain Dew”
Essa foi a segunda música que eu ouvi da Lana Del Rey nas minhas buscas por novidades quando pouco se sabia dela. A faixa é uma delícia pop também destoando do tom de tragédia de Born To Die.
04 – “Kill Kill”
“Kill Kill” faz parte do primeiro álbum de Lana Del Rey, quando ela ainda se chamava Lizzy Grant. Claramente inspirada em Nancy Sinatra, mostra que Lizzy e seu alter ego não são assim tão diferentes.
03 – “Summertime Sadness”
Na minha humilde opinião, a faixa mais triste e melancólica do álbum. O clipe não fica atrás mostrando um romance lésbico com final trágico. A versão remixada toca incessantemente nas rádios brasileiras.
02 – “National Anthem”
Confesso que à primeira audição “National Anthem” não me chamou muito a atenção. Aí veio o clipe maravilhoso inspirado na família Kennedy, trazendo ASAP Rocky como Mr. President e eu fiquei encantada com a música. Hoje já se tornou uma das minhas preferidas do álbum.
01 – “Video Games”
Nunca o simples fato do amado jogar video game soou tão triste. A música e o clipe foram perfeitos para apresentar Lana Del Rey ao mundo. Tudo o que ela representa está ali: Instagram, boca, anos 60, melancolia… Como se não bastasse, é o vocal mais bonito que a cantora já apresentou. Até hoje me arrepia ouvir “It’s you, it’s you, it’s all for you, everything I do…” A única dúvida que fica é se Lana Del Rey não atingiu seu ápice muito cedo.
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