Toda vez que escuto algo do Beck eu penso o poder que ele tem de transformar coisas simples em algo complexo. Isso se deve muito à capacidade camaleônica do multi-instrumentismo que corre na sua corrente sanguínea. Lá, nos idos anos, em 1994, Beck estreava em uma grande gravadora (anteriormente ele já havia lançado dois álbuns por selos menores) com Mellow Gold, álbum que possui apenas um, e ótimo, hit: “Loser”.
“Loser” tornou-se o símbolo da slacker genaration, ou geração da preguiça, conhecida por sua apatia. Beck nunca gostou de carregar tal bandeira e negou diversas vezes que a letra pregasse qualquer tipo de padrão comportamental. Inclusive, em entrevista à Rolling Stone, declarou o seguinte: “Slacker my ass. I mean, I never had any slack. I was working a $4-an-hour job trying to stay alive. That slacker stuff is for people who have the time to be depressed about everything.”
Após o sucesso de Mellow Gold, foram lançados One Foot in the Grave (1994) e Odelay (1996), este último considerado o melhor álbum da carreira do cantor. É nele que figuram algumas das melhores canções de Beck, como “New Pollution”, “Devil’s Haircut”, e “Where It’s At”. O álbum foi indicado ao Grammy de álbum do ano em 1997, e ganhou na categoria melhor álbum de música alternativa e melhor perfomance vocal de rock masculina com o hit “Where It’s At”.
Podemos dizer que Odelay foi o ápice do sucesso comercial de sua carreira, já que os álbuns seguintes Mutations (1998) e Midnite Vultures (1999), apesar de bem recebidos pela crítica, não venderam o esperado pela gravadora. Ainda assim, Midnite Vultures rendeu uma enorme turnê mundial que passou pelo Brasil em 2001, no Rock in Rio 3.
Em 2002 foi lançado o álbum Sea Change que também teve uma turnê especial, pois contava com o Flaming Lips, não só como banda de abertura, mas também como banda de apoio de Beck. Definitivamente um dos pontos altos de sua carreira.
Em 2005 Beck volta a trabalhar com os mesmos produtores de Odelay e lança o álbum Guero, considerado por muitos o “novo Odelay”. O álbum estreou na segunda posição do top 200 da Billboard e seu lead single “E-Pro” alcançou a primeira colocação das canções alternativas, fato que não acontecia desde o lançamento de “Loser”.
Por fim os álbuns The Information e Modern Guilt foram lançados, respectivamente, em 2006 e 2008. Modern Guilt teve produção de Danger Mouse e é o último trabalho de estúdio lançado.
Beck tem uma discografia que nunca seguiu uma linha. Aliás, esse é um ponto forte no artista, essa mania de inventar e reinventar sua música, até mesmo flertando com a música brasileira. E isso só pode resultar em uma carreira de altos e baixos. Não que isso seja desmerecedor, pelo contrário, sempre chego à conclusão de que mais vale a experimentação à monotonia.
A impressão que chega dessa discografia é a de que a música sempre foi desleixada, sem intenção de agradar, mas sempre muito bem produzida.
Beck, acaba se tornando um show para fãs ou para grande admiradores já que terá conflito com o horário do hype todo de Lana del Rey no festival.
As 10 mais de Beck.
Loser – Provavelmente a primeira e a de maior sucesso canção dele no Brasil. Nela já há quase todos os elementos musicais utilizados por ele.
Devils haircut
The new pollution – uma espécie de acid-jazz foi o single do quinto disco da carreira. Marcada por uma bateria e um sax pra pedir uma dose de whisky e acompanhar.
Tropicalia – do disco Mutations. Não é preciso falar das influências desse disco. Ouçam.
Sexx Laws – apenas “the logic of all sex laws”, enjoy.
Mixed bizness – (essa que deveria ser obrigatória em todo setlist) soul music das mais fodas. “Freaks flock together”
The golden age – melancólica, forte influência de Nick Drake, arranjos perfeitos. (O álbum Sea change poderia entrar inteiro nestas 10 mais)
Lost cause – causa perdida da sua vida não escutar esta música.
Modern guilt – do último álbum lançado, flertando com o rock.
Chemtrails – Beck ainda sendo totalmente experimental e introspectivo.
Vale lembrar que o músico anunciou que irá lançar um novo álbum em 2014, chamado Morning Phase. De acordo com press release, o novo álbum é descrito como uma espécie de continuação do disco de 2002, Sea Change. Inclui muitos dos músicos que estiveram naquele disco e que fazem parte da banda ao vivo, tal como: Justin Meldal-Johnsen, Joey Waronker, Smokey Hormel, Roger Joseph Manning Jr., and Jason Falkner.
A divulgação ainda diz que: “Morning Phase volta as belas harmonias, músicas viciantes e inevitável impacto emocional daquele disco, enquanto surge com um contagiante otimismo.”
A data de lançamento, tracklist e outros detalhes, ainda serão divulgados oportunamente.
Este ano o Beck lançou uma série de singles lançado em um compacto de 12 polegadas, que já publicamos aqui e aqui.
Podemos esperar alguma novidade no festival Planeta terra? Tomara que sim. Para mais informações sobre o Planeta Terra Festival, clique aqui.
*Colaborou Carol Munhoz
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