Evolução, talvez seja a palavra mais adequada para resumir a obra do Real Estate. Desde o homônimo álbum de 2009, até Days lançado em 2012, o salto foi gigantesco: de um disco de poucos recursos, para o transborde de boas melodias; da fatal sensação de “tudo igual” que o lo-fi proporciona, para músicas destacadas na montanha. Caso de “It’s Real”, “Easy” ou “Wonder Years”, por exemplo. E então este ano chegamos ao Atlas, dessa vez a evolução não é tão evidente ou tão destacada – já que Days é um grande álbum – mas ela existe, o ganho acontece em escala.
Atlas foi gravado no estúdio do Wilco, The Loft, em Chicago. “Foi incrível. O estúdio é bonito e bem gerido. A quantidade de equipamentos que tínhamos à nossa disposição era incomparável”, nos contou Alex Bleeker (no centro da foto acima), baixista da banda, por e-mail, poucos dias antes de embarcar para o Primavera Sound, onde assistiríamos o incrível show de final de tarde do Real Estate, tendo o mar mediterrâneo como pano de fundo, exatamente o cenário e horário perfeitos para o som da banda de Nova Jersey.
Ainda comentando o disco de 2014, tive a impressão que Atlas soou mais orgânico, mais desapressado e dono de coisas lindas como “Primitive”, “How Might I Live” e “Talking Backwards”, tendo a tônica do disco todo em alto nível, sem muito overdub, o que se ouve é um tiro da banda tocando junto, Alex confirmou minhas impressões afirmando: “Sim, foi isso mesmo. Gravamos ao vivo, o que nos permitiu trabalhar de forma rápida e fácil. Os grooves rítmicos que encontramos – todo o disco na verdade – é baseado no conceito de toda a banda tocando junta, não separadamente.”
Outra curiosidade é sobre a capa do álbum, a edição em vinil ainda vem com um cartão postal de um muro, de onde o conceito da capa surgiu. “É um mural que está muito presente nas memórias de nossa juventude. Ele ficava pendurado na encosta de uma loja de departamentos em um cruzamento importante, em Nova Jersey. O prédio foi abandonado na época que nós ainda éramos jovens, e não se encontra mais lá. A idéia dessa memória desvanecida de nossa infância sobre a nossa casa ressoou em nós. Além disso, ele se assemelha a um mapa ou Atlas”, disse Alex.
Voltando sobre essa visão de evolução que o Real Estate teve ao longo dos discos, eu finalizei a curta entrevista puxando o saco – honestamente puxando o saco, já que me considero fã da banda – e perguntei qual seria a posição geográfica de Atlas atualmente, já que na minha visão, o primeiro disco estava na praia e no segundo eles subiram para o topo da montanha, Alex de maneira bem humorada, finalizou: “Se chegamos ao topo da montanha em Days, então agora tentamos transcender o espaço completamente e se fundir com os nunca alcançados limites do paraíso e além. 🙂 Hahaha… Eu estou meio que brincando, mas obrigado por dizer isso. Nós sentimos que é o nosso álbum mais harmonicamente complexo até a data e isso aconteceu organicamente.”
A boa vibe musical desembarca pela primeira vez em terras tupiniquins nos próximos dias: 20 de novembro em SP e 21 em Porto Alegre, em ambos os casos, o show ocorre no Beco 203. Palavra de quem assistiu ao vivo esse ano, mesmo sem mar e sem fim de tarde, vale muito a pena. E ainda conta com a vantagem de ser dentro de casa fechada, o que é muito importante na melhor acústica e se ouvir as nuances, fator importante na sonoridade do Real Estate. A produção é da turma da Balaclava Records e mais informações sobre ingressos você encontra em: http://smarturl.it/realestatesp
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