Speedy Ortiz é uma banda de Northampton, Massachusetts, formada em 2011 por: Sadie Dupuis (vocal, guitarra), Matt Robidoux (guitarra), Mike Falcone (bateria), Darl Ferm (baixo).
Quase dois anos se passaram entre a formação da banda e o lançamento do disco de estreia, Major Arcana, em julho de 2013.
Uma das características de identificação imediata com o som da banda são os pontos em comum com o som feito nos anos 90, característica esta que a banda claramente rechaça, como vocês poderão notar na entrevista.
Sobre o álbum de estreia, eu publiquei no dia 2 de julho:
“No LP de entrada do Speedy Ortiz, o disco Major Arcana, a personalidade vocal é o primeiro elo com a banda, a primeira identidade. A vocalista Sadie Dupuis, tem uma forma bem particular de cantar, um vértice na relação melódica x interpretativa das letras, isso se traduz em gaguejadas, sussuros, confiança, velocidade, drama e doçura melódica na hora dela. O vocal faz dobradinhas bem interessantes com a guitarra, quebram juntos diversas vezes, mais um elo.
Outro ponto que me marca são os fraseados, para quem não conhece, é um jargão guitarrístico, trata-se da forma como é tocado e não o que é tocado. E isso a guitarra principal do Speedy Ortiz faz muito bem, equilibra feeling x técnica, comunica com personalidade própria, transmite confiança e emoção.”
O álbum foi gravado em novembro de 2012 no estúdio de Justin Pizzoferrato (Dinosaur Jr. / Sonic Youth / Chelsea Light Moving), onde a banda começava cedinho e ia até tarde da noite tendo tempo de sobra para experimentação. A coleção de pedais de distorção antigos de Pizzoferrato foram utilizados. A banda mora na mesma cidade que o ex-casal Kim Gordon e Thurston Moore residiam. Na cidade vizinha, menos de 20 km de distância, podemos citar: J Mascis, Black Francis e Joey Santiago. E no mesmo estado, na capital Boston, terra de alguns destes caras e de outros muito bons. Eye of the huricane.
Novas bandas estão despontando todos os dias dentro de um espaço geograficamente muito pequeno falando. O guitar rock continua em evidência e a safra é boa, como exemplo, posso citar o Potty Mouth, que lançou disco estes dias e comentei aqui no blog, só procurar. =)
Na entrevista, conduzida exclusivamente por email, a conversa é obviamente limitada, então ao elaborar as perguntas eu tentei trazer esse vértice geográfico x temporal à tona. E a partir daí explorar algumas curiosidades da banda em seu íntimo… e sobre esse disco que me ganhou. Lógico que o clichê de falar sobre Brasil também entrou na conversa, inclusive com a vocalista citando um molho que é mais tradicional na Argentina hehe.
Sem delongas, com a palavra Speedy Ortiz.
Sobre todas essas referências com o indie rock dos anos 90, vocês soam novos e fizeram um trabalho original, como se fosse uma banda daquela época que despontou agora. Como vocês vêem estas referências e comparações com os anos 90? Elas incomodam vocês
Sadie: Eu realmente não consigo entender essa comparação pesada com as bandas dos anos 90. Obviamente nós gostamos dos artistas desta época, mas eu provavelmente me inspiro mais em música que é contemporânea ou feita por nossos contemporâneos. Eu acredito que estas comparações tem a ver com os nossos valores de produção mais do que a minha forma de compor– Eu nunca gostei de guitarras ou vocais chafurdados em reverb, o que tem sido uma tendência nestes últimos anos no rock popular. 99% do tempo nós não usamos nenhum reverb em nada, e as nossas gravações estão alinhadas com o nosso som ao vivo, que é pesado e distorcido.
Por qualquer que seja a razão que isso traga a memória dos anos 90 em muita gente, que parecem ter esquecido que agressividade, rock angular existia muito antes e depois do grunge.
Existe muita coisa em comum com a cena de Massachusetts também, eu digo pelo estilo DIY, as distorções e o altrock. Vocês diriam que as influências são maiores geograficamente ou temporalmente?
Matt: Não tenho certeza, esta é uma boa pergunta. Embora a cena do oeste de Massachusetts seja pequena eu não creio que nós e muitas das outras bandas desta área estão sendo influências diretas uma da outra, como a Nova Zelândia nos anos 80 ou algo assim.
Nós meio que existimos em diferentes espaços estéticos, mas sim eu diria que o DIY é o ponto em comum. Eu não sei se é temporal também, ou se apenas o guitar rock está na moda no momento? Eu sinto que existe tantas coisas diferentes acontecendo na nossa pequena área, todas potencialmente influentes em qualquer estilo.
Sadie: Eu concordo com o Matt sobre a cena do oeste de Massachusetts, mas particularmente falando, eu nomearia muitas bandas de Boston como grandes influências, e eu acho que estas influências são compartilhadas entre a comunidade do rock em Boston.
Mesmo morando em Northampton e curtindo várias bandas que vivem lá, eu sempre gravitei em direção das bandas e cenas de Boston.
Colocando uma referência de outro lugar, o som de vocês me lembra muito Bettie Serveert, especialmente o disco Dust Bunnies, vocês já ouviram? Eles são holandeses bem legais…
Sadie: Eu escutei esse álbum pela primeira vez na semana passada, porque alguém me disse exatamente a mesma coisa. Eu curti até o momento, mas preciso ouvir mais.
“Hitch” e “No Below”, são duas das melhores músicas deste ano, envolventes, mexem com várias emoções ao mesmo tempo. Poderia nos contar um pouco mais sobre estas duas?
Sadie: Eu escrevi as duas no mesmo dia, no porão da casa da minha mãe, e elas são mais ou menos sobre as mesmas coisas, a insegurança e os perigos que você experiencia quando começa a confiar alguém novo. As demos originais tinham um Casio sem-vergonha espalhado pelas músicas, muito mais devagar que as versões que gravamos como uma banda. Eu achei que não encaixaria com o Speedy Ortiz, mas agora estou bem feliz da forma que elas terminaram.
E como vocês se sentiram depois que o disco Major Arcana estava pronto pra ser lançado?
Sadie: É complicado para eu escrever novas coisas, até que a última coisa que eu trabalhei esteja pronta para ser lançada, então eu me senti em um período estranho e improdutivo até o disco sair. Agora que já saiu, estou trabalhando em coisas novas e feliz que as pessoas estão ouvindo um disco, que nós estamos orgulhosos de ter feito.
Conte para os brasileiros que curtem a banda, como vocês se juntaram e como foi a estrada até o álbum?
Sadie: Nós tocávamos em bandas diferentes e éramos amigos antes de tocarmos juntos. Nós fizemos uma extensa turnê antes desse disco sair e por 6 meses após o lançamento. Eu curto sair em turnê com essa banda porque eu posso sair com meus amigos, tocar nossas músicas, ver e conhecer novas cidades. Não pode ficar melhor que isto.
Eu li por aí que os shows são bem intensos, tem alguma história boa para nos contar, algo bizarro ou intenso?
Matt: Nós tocamos em uma lanchonete de cachorro quente em Cleveland, eu pensei seriamente em ficar pelado e sair derrubando todas as mesas do lugar, mas eu não fiz.
Algum plano de sair dos EUA em turnê? Talvez Brasil?
Matt: Seria demais! Meus amigos tocaram em uma banda (Calumet-Hecla) que fez turnê com o Helmet por aí. Parece legal demais!
Sadie: Eu quero provar o mais verdadeiro chimichurri.
O que vocês conhecem sobre música brasileira?
Matt: Na maior parte as coisas que são requisitos da tropicália. Eu sou um fã da fase psicodélica estridente da Gal Costa e vi Os Mutantes entragarem jams familiares-amigáveis em Boston alguns anos atrás. Jorge Ben Jor põe pra fora uma boa vibe.
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