É impossível falar de música brasileira sem tocar no nome de Nelson Motta. Recentemente recebeu várias homenagens, inclusive aqui no 505, em torno dos seus 70 anos. Abaixo ele nos deu, de presente, uma rápida entrevista com momentos divertidos sobre a música, a vida, Torquato Netto e Tim Maia. Confiram:
505 – Você fez uma matéria, recentemente, para a sua coluna no Jornal da Globo sobre o genial Torquato Netto. Você acha que Torquato faria a mesma arte nos anos 2014? Existiria algum parceiro à altura dele hoje?
Nelson – Impossível especular, porque ele era um cara muito inquieto e imprevisível, não tenho ideia de como reagiria à arte que veio depois dele. Com certeza ele faria bem diferente do que fez aos 20 e poucos anos. Caetano e Gil continuam parceiros à altura dele, e também, na outra ponta, Edu Lobo e Jards Macalé.
505 – Os atuais programas musicais, como The Voice, trazem muitos artistas bons mas que acabam não se mantendo por muito tempo na mídia. Você acha que isso é por falta de uma continuidade de incentivo desta mesma mídia ou é um problema de produção do artista?
Nelson – O problema é que um artista não se faz só de “voice”, entram vários outros fatores: corpo, atitude, expressão, estilo, adequação ao tempo, oportunidade. Muita gente faz grande sucesso – e alguns, grande arte – quase sem “voice”, como: Fernanda Takai, Nara Leão, Adriana Calcanhotto, que certamente levariam bomba no The Voice.
505 – Nelson, a literatura ou a música?
Nelson – Me divirto mais com um bom livro do que com um bom disco – mas se for um bom show ao vivo, aí é imbatível.
505 – O que você acha que o Tim diria sobre a atual cena musical brasileira? Acha que ele conseguiria viver com toda essa superexposição e a situação caótica do Brasil?
Nelson – Um monte de palavrões e barbaridades, rs, e certamente faria muitas piadas com sertanejos e pagodeiros. Mas, sério, um cara como Tim Maia não sobreviveria hoje em dia, a sociedade não aceita tanta transgressão, a sociedade é muito mais careta hoje que na época dele.
505 – Nelson, você concorda com todo esse movimento sobre a proibição das biografias não autorizadas?
Nelson – Sou a favor da liberação total e uma justiça rápida e rigorosa com altas multas, para punir os mentirosos e difamadores.
505 – Faltam músicas mais politizadas na democracia? Ou isso foi apenas uma válvula de escape e luta na ditadura?
Nelson – Tem muita música política hoje em dia, uma porcariada que ninguém liga, rs. Hoje tem música para tudo, muitas sobre raça, sexo, religião… e até politica.
505 – Nelson, um disco para escutar a vida inteira?
Nelson – Como disse Caetano, “melhor que o silêncio só João (Gilberto)”. (eu levaria o LP “Amoroso”, o disco que mais ouvi na vida).
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No disco lançado em homenagem aos 70 anos, uma das melhores músicas deste ano na MPB:
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