Talento ou técnica? Qual é o arsenal utilizado por um artista para nos encantar através de sua música?
Alguns instrumentos por estarem mais distantes do nosso dia-a-dia, necessariamente requerem estudo formal, o que torna a discussão um pouco mais morna, mas mesmo nestes casos é possível desde o começo identificar os padrões e quais nomes desenvolvem a técnica com mais facilidade, em alguns casos extremos, inclusive como autodidatas.
Agora e quando falamos de voz? Instrumento que o ser humano aprende a lidar desde os primeiros anos de vida, e alguns, intuitivamente conseguem desenvolver um nível bom de ritmo e afinação sem nunca ter estudado formalmente os atalhos para estes resultados. O fato é que, em muitos casos, mesmo os abençoados, que já nasceram com o dom de ter a voz que encanta a todos sem o mínimo esforço precisaram ir além para alcançar um nível de destaque. Entre os grandes nomes da música, muitos buscaram (e buscam) aprimorar suas vozes através de técnicas, cursos e faculdades de música para terem seus talentos reconhecidos, o que quebra o mito dicotômico e por vezes romântico, como se as duas coisas não pudessem andar juntas.
Um dos melhores exemplos de como a preparação vocal é importante, vem do cantor Mika, que quando criança encontrou na escola de música uma terapia auxiliar no nivelamento de sua dislexia e hoje se consagra com um alcance vocal de três oitavas e meia, com boatos de já ter alcançado cinco oitavas no período em que era apenas cantor lírico.
Amy Winehouse, uma das vozes mais emblemáticas destes tempos, estudou desde os 13 anos na Sylvia Young Theatre School em Londres, onde aprendeu canto, artes cênicas e dança. “Amy foi uma aprendiz na Sylvia Young Theatre School. Foi lá que seu talento foi reconhecido e alimentado”, afirma Mitch Winehouse, pai de Amy e que, desde março deste ano, montou a Amy Winehouse Foundation, que visa levantar fundos para que outras crianças através de bolsas de estudos tenham as mesmas oportunidades.
Não só cantores, mas profissionais como jornalistas, dubladores e atores fazem parte de pessoas que usam os cursos de técnicas e aprimoramento vocal para o bom desenvolvimento de suas funções. “Técnica vocal é algo mais abrangente do que aparenta. Quanto melhor preparado, mais desenvoltura. Por exemplo: o ator que conhece suas caixas de ressonância, seu suporte diafragmático, seus métodos de filtragem vocal consegue ter uma performance mais consciente, poupando assim os excessos de garganta que, além de desagradáveis, estridentes e visivelmente forçados, são pouco saudáveis e geram, ao longo do tempo, traumas, calosidades e outros maltratos ao aparelho fonador. Quanto maior a utilização, maior o desgaste e maior deve ser o cuidado e o preparo para o uso saudável e consciente da voz.” diz o ator Gabriel Esteves.
Além disso, a lista é grande: Adele, Cee Lo, Regina Spektor, Sara Bareilles, Florence Welch, Rita Ora e até mesmo a pororoca visual que atende por Lady Gaga, tem em seus currículos bons anos de aprimoramento de suas ferramentas de trabalho e hoje colhem os bons frutos de seus esforços.
No Brasil estas escolas também são bem procuradas, há cursos no Rio de Janeiro e São Paulo de ótima qualidade. Este talvez não seja o único caminho para se revelar o próximo grande talento musical, mas certamente é um atalho para aqueles que buscam este destino.
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