BRVNKS é um projeto solo de Bruna Guimarães, artista da prolífica Goiânia, que vem para pintar mais uma cor na cidade que já pintou sonoridades mais abrasivas do alternativo (MQN, Black Drawing Chalks), escreveu letras incomparáveis (Violins), elevou o jogo para um nível de produção pop internacional (Cambriana e Ara Macao), lembrou como é possível juntar rock com música popular brasileira sem ser indie-bunda-mole, de maneira que tenha conteúdo e personalidade (Carne Doce), ou a psicodelia tropical que projetou todo o rock da cidade em cenário nacional e internacional nos últimos anos (Boogarins).
O som do BRVNKS, em seu primeiro EP Lanches (Dull Dog Records), vem para se destacar ao lado de tudo isso. A cor é viva e brilhante, de identificação imediata com o indie pop despretensioso e ensolarado da Califórnia, de bandas como Bleached (entrevista aqui), Colleen Green, La Sera, Dum Dum Girls e Best Coast.
BRVNKS é indie pop do cerrado. A despretensão é a característica de assimilação imediata, de uma artista ainda em construção. “As letras são antigas, a vontade é antiga mas a prática é nova, é um bebê ainda. A motivação sempre foi e sempre será a mesma. Fazer pelo rolê, fazer pela diversão, sem grandes pretensões”, afirma Bruna. “Sempre gostei do lo-fi, do skate, da surf music, das guitarras cruas e das letras bobas, dos desenhos mal feitos etc. Sempre fui ‘mulambenta’ como diz minha mãe.”, completa.
E o que mais pesa nessa equação é justamente o vértice entre jovialidade e qualidade do disco, que não deve nada para o padrão internacional do gênero. Composições fortes, arranjos simples mas muito bem construídos, a questão da timbragem, produção redonda e, principalmente, a fortaleza melódica e naturalmente musical que existe dentro do BRVNKS.
Não sei se foi o melhor disco, mas, com certeza, foi o disco que mais nos surpreendeu na safra 2016 da terra brasilis, até o momento.
Tudo é ainda tão recente no projeto, que a configuração ao vivo está sendo montada agora e a perspectiva é que os shows comecem nos próximos meses. “Vamos começar a fazer shows no começo de julho, se tudo der certo. Conseguimos montar a banda completa faz pouco tempo e estamos ensaiando para isso, fazendo músicas novas. O projeto é solo, mas o Edimar [produtor do álbum] também dá o toque dele nas músicas. Todas as datas e eventos que forem rolar estarão na página da banda“, finaliza Bruna.
Abaixo, pedimos para a compositora nos contar um pouco mais de cada faixa de seu EP de estreia. Situações cotidianas permeiam o universo destas quatro canções. Leia.
FAIXA A FAIXA DO EP LANCHES POR BRUNA GUIMARÃES (BRVNKS)
01 – Freedom Is Just a Name For What I Want You To Be
É a minha preferida. Fiquei meses sem fazer nada, tive um momento de inspiração e em 5 minutos liguei o gravador do Iphone e foi isso, nunca mudei nada. Escrevi depois de voltar de uma viagem pra São Paulo sobre uma doideira que eu vivi. É muito literal, tudo que tá escrito aconteceu. Eu chorei com gatos subindo na minha cara, eu esqueci minhas malas em outra cidade, fiquei bêbada com vinho barato e coloquei uma foto num relicário dourado mesmo, etc. Nunca escrevo as coisas pra rimar, eu só tento achar fatos que aconteceram que rimam com outros. Então todas as minhas músicas são bem explícitas com as coisas que acontecem.
02 – Harry
Essa música foi a primeira coisa que eu escrevi em toda a minha vida. Fui completamente obcecada por um cara que eu não conhecia, que não morava na minha cidade e eu morria de amores por nenhum motivo aparente. Ele tinha alergia de tudo, e era bem psicopata o jeito que eu conseguia descobrir as coisas sobre ele. Inclusive é uma grande e ótima história isso aí que vale a pena ser contada com mais detalhes um dia.
Harry é porque eu não quis citar o nome verdadeiro e ele tinha o óculos redondo igual do Harry Potter, desculpa gente, é tosco. Mas eu coloquei temporariamente e nunca mais mudei. hahaha
03 – Don’t
Essa é a famosa música que você odeia mas é a preferida de todo mundo. Talvez porque eu tava numa época muito raivosa e péssima. Mas acho legal porque é diferente de todo o EP, gosto do teclado no fundo, e ela é sempre muito legal de tocar. Tinha que ter uma pra acender o isqueiro né?
04 – Bunch Of Fries
Essa música foi um presente de aniversário pro meu amigo Yago. Eu tava pobre, nunca tinha dado nada pra ele e pensei em escrever alguma coisa. Deu pra perceber que todas as minhas músicas são sobre alguém né? Tô começando a mudar isso agora. E esse riffzinho e solinho surfista aí é a coisa que eu mais gosto no EP.
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