Karina Buhr é poesia falada, concreta, cantada, romântica. Há alguns dias o pessoal do 505 recebeu a tarefa de falar de bandas ou cantores da cena alternativa divididos por regiões deste país não-democraticamente musical. Eu fiquei com a parte do nordeste. Já selecionei alguns para comentar, mas uma das coisas que mais me impressionaram recentemente foi o veneno corporal e vocal desta soteropolitana criada no Recife. Mês passado vi uma participação da Karina em um show da Nina Becker no Sesc Vila Mariana em SP e já a conhecia só não a tinha assistido ao vivo, daí vem a expressão que eu usei, “veneno corporal”. “Por favor me dê copo de veneno pelo menos com duas pedrinhas de gelo pelo menos pra diluir o gosto amargo do veneno supremo de ter que viver sofrendo, por mim ou por você”, Copo de veneno, música que está no segundo disco Longe de onde. Karina no palco é arte pura, arte no significado plural da palavra. Ela palavra a música e a expressão de cantar. Incrível compositora, concreta, direta, sofrida e romântica. Já não é novidade, mas escutem os dois discos dela, Eu menti pra você e este ultimo do ano passado. Há uma sonoridade dramaturga em sua voz, aliás há de ter pois ela é atriz também. O sotaque nordestino dá um toque muito mais experimental, mas deliciosamente malemolente. Karina Buhr é rainha nesta cena de Marias Gadús fakes que existem atualmente. Ahh Karina Buhr, Karina Buhr, se todos te escutassem a arte seria muito mais distribuída, mas infelizmente a sua arte é para poucos neste país, por outro lado tenha certeza que alguns tem a sorte de te ouvir e sofrer e se alegrar com os desenhos de sua musica. Não espere, pois na calçada, ao anoitecer, sempre haverá alguém para criar asas para levar os ouvidos à sua voz.
PS: esta ultima frase eu parafraseei a música Sem fazer ideia.
PS2: ok ok, ficou um texto curto, muito mais uma crítica de amor por esta cantora tão incrivelmente controversa.
PS3: com amor, escutem!
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