O segundo disco da trilogia da Cachorro Grande acaba de aterrissar. Iniciada em Costa do Marfim, a banda gaúcha se aprofundou ainda mais no eletrônico e nas referências britânicas dos anos 90 nesta segunda parte da saga.
Electromod abre no maior estilo Happy Mondays. Upbeat que é quebrado com uma vibe meio Primal Scream na época de XTRMNTR. A peculiar voz de Beto Bruno já se encaixava muito bem nas músicas mais roquenroll do grupo, porém são ainda mais eficazes quando encaixadas nesta nova estrutura “electromod“. As notas vocais rasgadas criam uma atmosfera mais tensa e urgente.
O fade-in de “Limpol no Astral” é como uma ambulância que se aproxima calmamente, digno de The Prodigy. O que achávamos ser uma música tensa é virada com as guitarras de Marcelo Gross e o baixo de Rodolfo Krieger que juntos ao tecladista Pedro Pelotas criam uma harmonia que lembra a walrusiana fase psicodélica dos Beatles. Síntese total do que é o nome do disco.
A próxima faixa título não traz nada de novo, além das baterias eletrônicas de Gabriel Boizinho e a letra porrada de Beto Bruno, mas a síntese continua em “Nem Tudo É Mais Como Era Antes” que joga no time do trip-hop com o backing vocal grave e as extensas camadas de synths, outra referência noventista, dessa vez ao Massive Attack e a Tricky. Os anos 90 não param por aí. “Subir é Fácil, Difícil é Descer” tem aquele baixo bem evidente, remanescente do Stones Roses, mais especificamente do baixista Mani. Madchester em peso, porém com o coração em Liverpool no coro final da canção… “hello, goodbye“.
Viajando dos 90 para o novo milênio, ouvimos a alma Kasabian em “Arpoador” e “De Longe Todo Mundo É Normal”. Guitarras minimalistas com overdrives graves, bateria crescente e líricas sem muitos euforismo. Tudo muito direto ao ponto. Assim como a letra de “Eu Sei Que Vai Feder” que não economiza nas (in)diretas e de “Pandora” que critica atitudes hipócritas e os anseios da vida.
“Ben-Hur” fecha com chave de ouro. Utilizando uma escala oriental nos sintetizadores, a banda cria uma aura mística e apocalíptica. O caos que esteve presente o disco todo vai crescendo conforme o fim se aproxima e a produção de Edu K, o “sexto cachorro” se mostra mais evidente do que nunca.
Ouça Electromod abaixo:
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