É lançado oficialmente hoje, o quinto disco de estúdio do Parquet Courts. Fizemos uma breve análise desse álbum que promete figurar entre os melhores do ano.
A inegável e constante evolução da banda de Washington, nos trouxe até Human Performance, que segundo o guitarrista/tecladista/vocalista Austin Brown… “é sobre a luta contra a desordem, seja ela mental, social ou física“. Indo além, o outro guitarrista/vocalista, Andrew Savage, completa dizendo que… “chega-se a um ponto em que não sabemos se estamos vivendo de maneira sincera ou se tudo é apenas uma performance humana“. Dessa maneira, como reflexões existencialistas, dignas de Kierkegaard, o grupo inicia sua jornada através de 14 músicas embaladas em uma capa desenhada por Savage, e certamente inspirada pela banda post-punk Wire, que além de designer, pratica a arte em mural, pintando várias variações dessa capa em um mural (veja todas aqui).
“O caos é uma ordem por decifrar.” – José Saramago
Essa frase ganha vida real com os Parkay Quarts (pseudônimo da banda), que desde o primeiro disco, American Specialities, vem causado certa desordem, antes mais barulhenta, agora mais de conceito. No penúltimo lançamento, o EP Monastic Living, a banda já preparou um prefácio na Rough Trade, com uma arte desconexa e representando as ordens ainda não decifradas.
Dando o play, Already Dead, é uma canção que será encontrada apenas na versão digital, por isso, soa estranha, digital, moderna, uma ironia que ainda será decifrada mais à frente. Na bolacha, o início é Dust, que assim como o nome diz, segue uma linha constante, que só aumenta, assim como a poeira se acumula nos cantos mais sujos. Aqui, já mostra que Andrew Savage trocou os pedais de distortion e fuzz por algo mais rebuscado, como um compressor. Aliás, a diminuída do botão de distorção não foi só nos guitarristas. O teclado, comandado pelas mãos de Austin Brown, soam lúdicos, quase como órgãos angelicais.
A barulheira pode ter diminuído, mas o sarcasmo, não. Aliás, só aumentou. Ao ponto de terminar essa mesma canção, Dust, subindo todo o volume limpo e causando um barulho semelhante ao de um aspirador sugando todo pó extremo. Afinal, os Parkays devem estar só o pó há um bom tempo. São quase 100 músicas em 7 lançamentos. Tudo em menos de 6 anos. Então, se tem uma coisa que eles entendem é de performance humana, ou mais precisamente, de produtividade musical.
A faixa-título traz todo o conceito do álbum compilada em 4 minutos. Como o teclado anos 60 faz a cama pra guitarra sem distorção nenhuma, a não ser pelo refrão explosivo que vem logo em seguida. Enquanto isso, Savage expressa sua vergonha por ser um humano mediano, agoniado por não saber porquê está aqui.
Outside, é boa, mas ao ponto que estamos, é apenas 1 minuto de interlúdio, como vemos constante nas obras da banda. I Was Just Here, na minha mais humilde opinião, é a música mais caótica e intuitiva do disco, me lembrando de Television. Passando Paraphrased, que é um espasmo antigo… chegamos à Captive of the Sun, cantada em dueto, com uma atmosfera tão densa que nos teletransportamos para os subways grafitados de NY. Steady on My Mind e One Man, No City, expressando a mesma angústia. Até que o single Berlin Got Blurry chega, dando um novo ar ao disco, mostrando de novo a desconexão, raiva na voz. Na sequência Keep it Even. Uma intro digital, calmaria intercalada com picos de adrenalina. Isso, talvez, seria uma música que o Pavement iria compor se estivesse na ativa, sem projetos solos. E de supetão, quando achamos que enteemos toda a linha cronológica do disco, Andrew Savage te surpreende e causa mais desordem, em Two Dead Cops, um punk old school que remete aos Buzzcocks pela simplicidade em fazer algo complicado. Pathos Prairie podse ser bacana, mas It’s Gonna Happen soa como o fim do disco, deixando o acústico e o fade out fazer seu trabalho de conclusão. Um final que, depois de mexer com emoções variadas do nosso íntimo, pacificamente, nos devolve à realidade de origem.
Sua vez.
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