Meses após o lançamento de Floating Coffin , John Dwyer anunciou um suposto “afastamento” da banda dos palcos. Tempos difíceis. Com a mudança de cidade e aparentemente de estado de espírito, cada membro decide seguir o próprio caminho, que por incrível que pareça, dificilmente apontaria para direções que levariam ao falecimento da banda. Talvez a “separação” tenha sido necessária, talvez não. De qualquer maneira tudo foi compensado quando Drop, lançado no ano seguinte, apresentou um novo Thee Oh Sees com mudança não tão radical na formação ou no som.
Há quem diga que Drop tenha superado a fase totalmente mergulhada no garage e noise rock puro que Floating Coffin se encontrava. O que antes era um bolo com um delicioso glacê, se tornou um bolo com um delicioso glacê e uma cereja em cima, que faz toda a diferença.
O mesmo aconteceu com a carreira de Thee Oh Sees e posteriormente seria mostrado no atual Mutilator Defeated At Last, sexto álbum de estúdio em um período de 5 anos e um pouco mais que uma década de carreira. Tempo não importa, até mesmo porque se encontra num gênero não tão novo, mas explorado ao longo do álbum todo, o acid rock. E é baseado no acid rock que é possível perceber a presença de um som mais pulsante, caótico, único e novo. Talvez não extremamente, mas o suficiente para que tenha se encaixado com o psicodélico sessentista que Thee Oh sees apresentou ao longo da carreira.
Mutilator defeated at last é caótico desde os simples até significantes detalhes. É flutuante e pé no chão, quente e frio, revoltado e calmo. “Novo” pelo fato da utilização em maior escala de elementos psicodélicos nas músicas, como o órgão em “Sticky Hulks”, ou talvez a guitarra corrida em “Web”, que lembra um som com ar de suspense e ao mesmo tempo bagunçado, na medida certa. “Withered hand” é extremamente excitante, um perfeito exemplo da fusão entre o “antigo” Thee Oh Sees com o “novo”. Cada membro cumpre seu papel fundamental como Bridget Dawson nos backing vocals em “Turned Out Light” e o baterista Nick Murray, que usa, talvez o segundo elemento mais importante na composição de toda a psicodelia agitada das musicas depois da guitarra.
Por fim é um álbum com intenções tão claras quanto as composições, é anárquico e alucinante, capaz de dar um nó no cérebro. Talvez seja a psicodelia, ou a guitarra corrida, ou a bateria veemente ou até mesmo o baixo entusiasmado. De qualquer maneira, é definitivamente uma cereja premiada em cima de um delicioso glacê.
NOTA: 4/5
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