Tudo parte da capa deste disco. Mostrar os seios não é nenhuma apelação, como li em vários lugares. Karina é avant-garde total neste país tão retardatário, ultimamente. Karina Buhr é poesia que falta nos limiares desconectados deste mundo. Karina incide na música, e no verso. Selvática é seu terceiro disco. Karina é punk. Musicou seu poema homônimo, “Dragão” (Mordida/ e a pele fica ferida/ prossiga no rastro, no pasto e siga a vida/ no fim a tristeza é amiga da onça/ que ensina a enfrentar leões), nada é mais peito aberto para o que está por vir neste disco, após esta primeira canção. Tudo isto cantado numa leveza de reggae que não diz nada, musicalmente, o que está por vir. Karina é punk. (Mulher / tua apatia te mata/ não queira de graça/ o que nem você dá pra você mulher) “Eu sou um monstro”, é uma autoafirmação feminina, uma forma de conversão do que a mulher se acha em dias controversos, suas não amenidades e suas nuances. Mulher você não é um monstro. E as guitarras dão a resposta. Karina é rock. Karina não conta a gota das lágrimas, dá a saída “à berra”. “Pic nic” é a mulher sendo agressiva contra todo o machismo, dele, nosso, de todos. Elas também preferem coisas, “chama o psicólogo”. Karina é punk. Ela quer que a cidade ouça seu grito à “Cerca de prédio“. Cidade ouça! Karina é poeta. “Quando você botou o dedo no meu coração/ abriu um rio”, toda selvageria escorre, se esvai em direção a algo maior, talvez solidão, talvez mar. “Desperdiço-Te-Me” é para ser escutado solitariamente e com memórias. “Selvática”, fecha todo o novo disco, com um chamado para fazer parte desta vanguarda. Avante, galera! Karina é punk, rock, selvática. Karina te peita.
O disco já está disponível para download, aqui.
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