Guitarrista de turnê do Ty Segall, mas o mais importante, chegando ao terceiro disco de sua própria carreira sem muitos deslizes musicais. Mikal Cronin, acerta na equação de refrães pegajosos e excitação, com algumas restrições, que trataremos a seguir.
Em MCIII, a guitarra continua liderando, mas os arranjos ganharam em escala e estão ainda mais luxuosos, de instrumentação diversificada, que passa pelos metais e por um quarteto de cordas, a maior parte executada pelo próprio Cronin.
O detalhe é que disco muito expansivo, maximalista, pode cair na armadilha de ser cansativo e exagerado. Um dos maiores trunfos na música se encontra no silêncio, na pausa, no espaço, no menos é mais. Cronin vai pra borda da montanha e se torna por vezes chato no meio do álbum, os mais impacientes irão abandonar. O limite é alcançado em “Feel Like”, mesmo com a sua dose extra de texturas, e a música é bem boa, mas é o limite, numa sequência (acho que isso pode mudar, dependendo do seu estado de espírito – leia-se paciência- enfim).
O ouvinte só vai conseguir algum sossego em “i) Alone”. O timbre abafado é um descanso para os ouvidos, a instrumentação diversificada continua presente e depois ganha contornos de sujeira, se tirasse o metal seria perfeita. Se você esperou até aqui, um novo horizonte deve se revelar, “ii) Gold” inicia a melhor tríade do álbum, haverá uma aporrinhação de leve com um instrumento grego no meio da música. A impressão é que ele testa o que mais colocar, sem desagradar o ouvinte. Como se estivesse empilhando um castelo de cartas.
Este álbum não entrega um hit de cara, como aconteceu com “Weight” em MCII. E acho que Cronin, um criador nato de melodias, passou um pouco do que deveria, talvez para satisfazer as próprias necessidades como músico, como já falei, chega ao ponto de utilizar um instrumento grego de cordas, chamado tzouras. Os melhores momentos é quando a linha melódica do vocal, contrasta com a sujeira da guitarra.
“Say” também merece algum destaque, começa com uma linha de baixo dominante, da escola Talking Heads, e depois vem pra voz e guitarra, da escola Beatles, exceto pelo solo, da escola “músicas de comercial de cerveja” (termo cunhado pelo Mark Kozelek no ano passado, para definir o War On Drugs haha) e um metalzinho bem de leve no fechamento do solo.
Viu? Não precisa mais que isto, Mikal.
Melhores faixas: “ii) Gold”, “iii) Control”, “iv) ready”
NOTA: 7.5/10
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