Por Carol Munhoz e Bruno Bujes
Assim como dezenas de outras bandas que vieram antes dela, a trajetória do 1975 nos soa familiar. Afinal, a banda foi formada no sul de Manchester através de um grupo de colegas que possuíam interesses musicais em comum e se juntaram para transformar essa compatibilidade musical em banda.
De lá pra cá já se foram 15 anos no caminho da música e a banda chega pela primeira vez em território nacional pra mostrar o porquê está no seu melhor momento artístico.
Mas é claro que o ápice alcançado não veio fácil. No início, totalmente desacreditado, o grupo teve dificuldade para encontrar agentes, empresários, gravadoras e pessoas que estavam dispostas a acreditar no seu potencial.
A banda, que teve seu nome inspirado em uma anotação qualquer encontrada em um livro do poeta Jack Keuorac, teve muita dificuldade em encontrar um lugar ao sol em um mercado que o indie pop com rítmicas batidas eletrônicas ainda não despontava entres os jovens, o que dificultava a propagação do trabalho pelas convencionais rádios FM’s. Lembrando que há 15 anos a internet ainda era terreno pouco habitado.
Se a sonoridade proposta por Matthew Healy, Adam Han, George Daniel e Ross MacDonald era dita “estranha” na época e por isso as caras tortas, Matt, vocalista da banda concordava e acreditava que esse seria o principal diferencial da banda: se distanciar do que tocava nas rádios.
A solução veio quando Jamie Oboner, já empresário da banda, resolveu criar a gravadora Dirty Hit Records com o intuito de ter o The 1975 como primeiro e principal artista do casting.
Assim, depois de lancar 4 EP’s entre 2012 e 2013, a estreia oficial do quarteto veio com um disco homônimo, que foi responsável por consolidar a posição que a banda ocupa atualmente no cenário indie pop, tendo os singles “Chocolate”, “Sex” e “Girls” sido grandes destaques, com a temática dos relacionamentos jovens e o abuso de sintetizadores.
O lançamento teve timing perfeito, em um período que se via há 4 anos o crescimento tanto do indie rock quanto do indie pop em casas noturnas, o que fecha muito bem com a proposta do The 1975. O disco teve uma mãozinha do produtor Mike Crossey que já havia trabalhado com artistas como Arctic Monkeys e Foals, e todo o esforço foi recompensado com o primeiro lugar no UK Charts na semana em que foi lançado.
O The 1975 (álbum) reverberou sua boa estreia até o ano seguinte quando a banda foi chamada para o Coachella, festival que dispensa apresentações prévias, e foi indicada como melhor “Best New Act” no Q Awards, premiação realizada pela Q Magazine.
A banda conta ter muitas influências, que passam, por exemplo, por Talking Heads, Michael Jackson e My Bloody Valentine para citar algumas, o que pode ter colaborado para uma maturidade ainda maior do grupo para a produção do I like it when you sleep, for you are so beautiful yet so unaware of it, segundo álbum da banda lançado em 2016 e que fez crescer exponencialmente o número de indicações e premiações.
As composições foram aprofundadas e, apesar da banda não fugir da premissa imposta no primeiro trabalho, é perceptível a evolução entre o primeiro e o segundo álbum. “A Change of Heart” e “Somebody Else” (que hoje desponta como a música mais conhecida) por si só passam o sentimento da imersão proposta. Matthew Healy chega a citar a banda islandesa Sigur Rós como uma das inspirações do último trabalho, trazendo elementos sensitivos e sutis nas melodias combinadas em alguns momentos com uma sobriedade na voz. Essas trocas de nuances mostram a versatilidade, ambição, e ousadia da banda de combinar em um disco canções que falem de problemas familiares e sexo.
E lembrar que toda essa trajetória vem de uma banda de garotos que começou e tinha como base o hard rock e o punk. Podemos ficar no mínimo curiosos para saber quais serão os próximos passos do The 1975, que com toda essa bagagem ainda carrega consigo o histórico de ótimas apresentações ao vivo (vide como exemplo a apresentação no Prêmio NME 2016).
Além do Lolapalooza (25/03), o quarteto de Manchester ainda se apresenta no Audio Club no Rio de Janeiro dia 27/03 antes de partir para Buenos Aires onde participa também do Lolapalooza hermano.
Reconhecimento de Público I Like It When You Sleep (2016)
- Comparativamente, o primeiro disco demorou 26 semanas para vender o que I Like It When You Sleep vendeu em uma semana, apenas nos Estados Unidos.
- O disco alcançou o primeiro lugar no TOP 200 da Billboard em sua primeira semana. E emplacou quatro singles no HOT 20. “Love Me” (No. 7), “Ugh!” (No. 10), “The Sound” (No. 14) e “Somebody Else” (No. 13).
- Disco de Ouro no Reino Unido e primeiro lugar na parada oficial. Segundo álbum inédito em vinil mais vendido no ano, atrás apenas de A Moon Shaped Pool do Radiohead.
- Além de Reino Unido e Estados Unidos, também ficou em primeiro lugar na Austrália, Nova Zelândia e Canadá.
Reconhecimento de crítica
Publicação | Ranking | Lista |
---|---|---|
Alternative Press | 5 | The 30 Best Albums of 2016 |
Billboard | 8 | The 50 Best Albums of 2016 |
Billboard | 2 | The 10 Best Rock/Alternative Albums of 2016 |
Clash | 7 | Clash Albums of the Year |
Complex | 26 | The 50 Best Albums of 2016 |
Diffuser | 17 | Top 40 Albums of 2016 |
Digital Spy | 3 | The 20 Best Albums of 2016 |
DIY | The 16 Albums That Shaped 2016 | |
Drowned In Sound | 3 | Drowned In Sound’s 16 Favourite Albums of 2016 |
Entertainment Weekly | 24 | EW’s Best Albums of 2016 |
Gigwise | 17 | Gigwise’s 51 Best Albums of 2016 |
The Guardian | 24 | Best Albums of 2016 |
Idolator | 6 | The 10 Best Albums of 2016 |
International Business Times | 3 | Best Albums of 2016 |
Los Angeles Times | 5 | The 10 Best Albums of 2016 Defined By Loss |
The Maneater | 1 | Top 10 Alternative Albums of 2016 |
Mashable | 10 | Top 10 Albums of 2016 |
NME | 1 | NME’s Albums of the Year 2016 |
NPR | 21 | The 50 Best Albums of 2016 |
PopMatters | 2 | The Best Pop Albums of 2016 |
PopMatters | 19 | The 70 Best Albums of 2016 |
Q | 9 | Q Magazine’s 50 Best Albums of 2016 |
Rolling Stone | 18 | Top 50 Albums of 2016 |
Rolling Stone | 1 | The 20 Best Pop Albums of 2016 |
The Skinny | 21 | Top 50 Albums of 2016 |
Spin | 5 | The 50 Best Albums of 2016 |
Stereogum | 21 | The 50 Best Albums of 2016 |
The Times | 9 | The Best Albums of 2016 |
Variance Magazine | 10 | The 50 Best Albums of 2016 |
Vice | 66 | The 100 Best Albums of 2016 |
You might also like
More from Lollapalooza Brasil // Cobertura 505 Indie
Lollapalooza Brasil 2018: festival encontra a conta do equilíbrio com shows memoráveis de LCD Soundsystem e David Byrne
Introdução, Spoon, LCD Soundsystem, Mac DeMarco, Tash Sultana, Liniker e The National por Flavio Testa Oh Wonder, Chance the Rapper, .Anderson …
DAVID BYRNE: o gigante do Lollapalooza Brasil 2018
https://youtu.be/07G4xhSefuI Ele provavelmente estará descalço. Tão confortável como se estivesse em casa. Banda? Provavelmente esperando seu momento de entrar depois que David …
Guia Alternativo do Lollapalooza Brasil 2018
Esqueçam os Headliners (ou não), preparem as cabeças balançantes e venha experimentar diferentes sonoridades com o nosso Guia Alternativo do …